domingo, 24 de novembro de 2013

#30 - A Lista

written by Larissa Rainey at 23:17 0 comentários.

Se eu fizesse uma lista com todas as coisas que eu mudaria em mim, 
passaria o resto da vida escrevendo.
Eu queria ser mais cabeça fria, mexer no meu cabelo, suspirar e prosseguir com a vida. Tudo eventualmente se arranja. Idiotas continuarão sendo idiotas, não importa o quanto eu tente mudá-los. Eles não querem, e não vão mudar. Não é um conceito tão difícil de entender.
Eu queria ser mais impulsiva. Pensar menos. Refletir menos. Me pouparia muita dor de cabeça, muito desconforto e dores no coração. Eu dormiria bem melhor, teria a pele mais bonita, e olhos mais brilhantes - e não os olhos exaustos e sem vida que mostro por aí. 
Eu queria ser otimista. Olhar para a chuva e pensar "bem, pelo menos as plantinhas estão sendo regadas!". Observar o sol e amá-lo por brilhar tanto. Encarar uma situação ruim e pensar "bom, esta é a chance perfeita para eu me superar e aprender ainda mais a viver!".
Eu queria saber comuicar meus sentimentos e meus interesses. "Oi, olá, te acho uma gracinha, poderíamos ir ao cinema qualquer dia desses". Eu seria menos ansiosa e talvez não ficasse tão preocupada com os meus defeitos o tempo inteiro. Eu aprenderia a ser sociável e agradável.
Mas eu não sou assim. 
Se eu fizesse tudo o que está na lista com todas as coisas que eu mudaria em mim,
eu não seria mais eu.
Eu seria uma outra entidade, uma cópia perfeita - mas mecânica e falsa. 
Já que ser é preciso, que eu não seja uma cópia.
Eu sou o fogo incômodo que tento apagar a todo instante desde que nasci.

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Eu finalmente terminei as tais 30-crônicas-em-30-dias que acabou levando MESES pra terminar. Mas não me arrependo.
O blog está se tornando um conglomerado de textos pessoais. Esse ano li pouca ficção e vi poucos filmes, tudo por conta de vida acadêmica/trabalho. E pra ser sincera, cansei de escrever sobre filmes. Existem milhares de sites que falam sobre isso perfeitamente bem, e nos últimos tempos ando priorizando mais a minha escrita e a minha produção enquanto escritora. Talvez eu volte a escrever sobre filmes se algo realmente me animar, mas não  esperem muito de mim.
Porém, logo terei notícias pra vocês. Notícias boas. Quem curte mininamente o que eu escrevo vai gostar, acho. 
Não, não é sobre The Wandering Children... ainda.
;)

domingo, 10 de novembro de 2013

#29 - o insano monstro intergalático da cafeína

written by Larissa Rainey at 20:51 0 comentários.

eu deveria estar terminando minhas análises, mas não sai mais nada. eu não sobrevivo sendo forçada a fazer nada, eu preciso estar disposta. 
para não perder o pique das palavras e para dar um tempo pro meu cérebro respirar, decidi esquecer as minhas responsabilidades por um segundo e aproveitar a visita do Insano Monstro Intergalático da Cafeína.
veja bem, eu nunca tomo café. eu simplesmente odeio café. mas a cafeína se mostrou necessária nos últimos dias, e dei uma chance à essa bebida tão... tão... nojenta.
e foi assim que eu conheci o Insano Monstro Intergalático da Cafeína.
primeiro, ele colocou eletricidade em cada fibra do meu corpo.
comecei a digitar cada vez mais rápido, a ter ideias mais intensas. o sono e o cansaço ficaram pra depois. eu mal piscava. me senti o coelhinho da duracell, versão acadêmica. 
mas tudo que é bom não dura.
logo, o monstrinho (me recuso a escrever o nome dele completo de novo) subiu nos meus ombros. êta monstrinho pesado.
não dá pra fazer nada quando tem um monstrinho pulando em cima de você, puxando seu cabelo, enfiando o dedo no seu olho, te chutando, lambendo a sua orelha, rasgando a sua meia-calça.
engraçado como eu sempre tenho monstros ao meu redor.
será que isso significa que eu também sou um monstro?







domingo, 3 de novembro de 2013

#28 - histérica e racional.

written by Larissa Rainey at 23:08 1 comentários.

Ornette, por Leslie David


O mundo é uma lata de lixo azul e verde.
Vivemos numa sociedade que deixa à margem da miséria milhões de pessoas. Sem comida, sem água, sem saneamento básico e sem educação. Dizem-nos que faz parte do sistema. E para a parte da população que pode se alimentar, inventamos padrões estéticos impossíveis de serem seguidos. Dizemos a essas pessoas que elas não devem comer, que elas não merecem comer. Que a comida é o grande vilão. Deixamos essas pessoas desconfortáveis ao ponto do ódio pelo próprio corpo. Viva a base de sucos e tenha o corpo dos seus sonhos! No final das contas, ninguém merece comer - nem o miséravel, nem as celebridades milionárias.
Vivo entre pessoas que forçam laços familiares sem entenderem o conceito verdadeiro de "família". São obrigações e acusações e humilhações. Não existe respeito nem solidariedade. Cresci cercada de fofocas e mentiras. Mas eu deveria agradecer a tudo isso. Tudo isso serve a um bem maior. Mesmo que me façam acreditar que eu não sou merecedora da cama em que eu durmo. Mesmo que o meu corpo seja motivo de chacota. Pena que eles ainda não aprenderam que eu sou diferente da mulher que eles queriam que eu me tornasse. Eu queimei as caixas, e continuo queimando tudo ao meu redor. Não me interesso por falsidade nem por obrigações. Eu acompanho quem eu quero, o meu caminho me pertence. Eu reivindico o sangue que corre nas minhas veias. Ele é meu. De mais ninguém. Não force a sua mente tóxica tentando criar laços que jamais existirão.
Vivo entre a histeria total e a racionalização sistemática. Meu coração explode de sentimentos enquanto meu cérebro prepara as estratégias de guerra.
A guerra é contra o mundo, contra todas as amarras, contra mim mesma. 
Minhas armas são as cores que coloco nas minhas palavras.



 

Larissa Rainey Copyright © 2012 Design by Antonia Sundrani Vinte e poucos