quarta-feira, 21 de agosto de 2013

#24 - O amor é o que é

written by Larissa Rainey at 01:16 0 comentários.

Escrevo porque tento catalogar meus sentimentos e meus pensamentos. 
Falho miseravelmente.
Sensível demais. Sensível de menos.
Por que o amor importa tanto?
Por que existe a necessidade de amar e ser amado?
Por que vidas são decicadas à procura da "pessoa certa"?
Meus questionamentos são interrogações eternas.
Não tenho a resposta pronta, porque pessoas não são prontas.
Achamos que somos sólidos e enraizados, mas somos voláteis.
Transformação em forma de bípede inteligente.
(Só em forma, porque a inteligência ainda está para debate).
Do que somos feitos, para procurarmos tanto o amor?
Talvez a culpa possa ser colocada nos elementos.
Esse fogo que aquece, conforta, queima, arde e mata,
A água que acalma, refresca, enregela e afoga,
A terra que solidifica, nos deixa andar, nos deixa deitar e enterra 
E o ar para respirar, recobrar o fôlego, deixar tudo viver e sufocar.
Será que o fogo procura sua água? E a terra, seu ar?
Então talvez seja por isso que o amor importa.
Mesmo que seja amizade. Mesmo que seja físico. 
O amor é que o é.
(E que seja, mas longe de mim.)

domingo, 18 de agosto de 2013

#23 - O que ninguém quer ouvir

written by Larissa Rainey at 20:47 1 comentários.

(Não vou me esconder em metáforas porque essa não é a hora de ser poética).
O ruim de viver na minha bolha é que, por mais que ela seja um lugar terrível, ainda é melhor que esse tal de mundo real.
Se você não sofre de nenhum problema mental, se você nunca chegou ao lugar mais horrível e escuro do seu ser, parabéns. Cola aqui essa estrelinha dourada na testa e fique quieto.
Quando você tem câncer, ninguém diz que é frescura. Ninguém diz "isso é uma fase" para um paciente terminal. Ninguém diz "sorria e saia de casa que a vida vai melhorar". Ninguém diz que isso é "falta de pica". Eu sei disso porque meu avô lutou contra o câncer durante uns 20 anos - entre tumores que iam e voltavam. Ninguém nunca disse essas coisas para ele. Pelo contrário. Sempre o apoiaram nas tantas quimioterapias, radioterapias, cirurgias, etc. 
Mas vai falar da depressão da minha vó. Vai falar da minha depressão, para você ver como a situação muda.
Sim, câncer e depressão são doenças bem diferentes e você não precisa apontar esse dedo pra mim. São duas doenças bem diferentes, com tratamentos diferentes - e o estigma social que as acompanha são totalmente diferentes.
Se eu começar a falar extensivamente sobre minhas crises depressivas e todos os problemas que uma doença dessas acarreta, não vai demorar para falarem que eu sou uma mimada procurando atenção. Honestamente?
Sim, eu quero que você preste atenção em mim - porque é graças a pensamentos como o seu que trocentos outros depressivos não procuram tratamento.
É essa mania maldita de achar que é tudo frescura, fase, que "vai-passar", que a sua família é igual aos comerciais de margarina que muitas pessoas que sofrem com doenças mentais não querem procurar ajuda.
A quantidade de vezes que me olharam feio quando eu digo que faço terapia e que já tomei remédios é absurda.
"Ah, mas você não precisa de remédios."
Você é médico? Psiquiatra? Você sabe quais são as minhas necessidades? Você está dentro da minha cabeça e sabe o que eu me sinto? Você conhece as substâncias que correm pelo meu cérebro que fazem eu me sentir desse jeito? Não, né? Ok. 
"Terapia? Isso é coisa de quem não tem Deus no coração nem amigos."
Se eu precisar de gente como você para entender a minha cabeça, estou fodida.
"Isso não é depressão, você só está meio solitária."
Até quando você vai achar que convívio social é a melhor coisa para uma pessoa com qualquer tipo de distúrbio mental? Cada crise é uma crise, cara pessoa abelhuda.
"Você devia pegar todo esse dinheiro que gasta com terapia pra ir viajar". (Sem brincadeira, eu realmente já ouvi isso.
Imagina que louca essa viagem, hein.
Agora, vamos falar de fatos e de gente que é mais respeitada que uma mera ruiva no mundo:
  • "Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão afeta cerca de 340 milhões de pessoas e causa 850 mil suicídios por ano em todo o mundo. No Brasil, são cerca de 13 milhões de depressivos." Ah, mas é tudo um bando de frescurento né, pra quê  se preocupar? (fonte)
  • "Quem já teve um episódio de depressão no passado corre 50% de risco de repeti-lo. Caso tenha tido dois casos, a probabilidade de voltar a ter a doença pode chegar a 90%, sendo essa percentagem superior em caso de três episódios." Ah, mas é só uma fase. Vai passar logo. (fonte)
  • "A Depressão é apontada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como a quinta maior questão de saúde pública e até 2020 deverá estar em segundo lugar." (fonte)
  • "Muitas vezes, não é diagnosticada nem tratada de maneira adequada. Hoje a doença é a quarta causa global de incapacidade e deve se tornar a segunda até o ano de 2021. Além disso, a Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 75% das pessoas com depressão não recebem tratamento adequado." E você ainda trata feito bosta quem procura tratamento, Valeu aí, campeão. (fonte)
  • "De acordo com um estudo divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o país com a maior prevalência da doença no último ano, com 10,8% da população apresentando o distúrbio mental. " (fonte)
  • "Por que quando qualquer outro órgão do seu corpo para de funcionar você ganha simpatia, mas quando o seu cérebro para de funcionar você ganha sigilo e vergonha?" -  frase de Rick Warren, cujo filho sofria de depressão e que publicou um livro para ajudar a diminuir a estimagtização de doenças mentais. (fonte)

Espero que depois desse pequeno texto, você se eduque e seja uma pessoa a menos que estigmatiza doenças mentais. A gente não precisa de mais vozes falando que somos incapazes e que nossos sentimentos não são válidos.
Beijos no seu cérebro perfeitamente funcional.


sábado, 17 de agosto de 2013

#22 - Vai dormir, menina

written by Larissa Rainey at 02:06 0 comentários.

Pensei num amor extraordinário, que ultrapasse os limites do meu vocabulário. Logo orquestrei você em minha mente, um amontoado de palavras familiares e anacrônicas. Mas aí eu comecei a escrever sobre chutes e sobre sangue e tudo se perdeu.
Comecei a falar da minha fúria desengonçada e sobre lugares longínquos. Senti o gosto da poeira dos meus chutes enquanto eu  arrasava a terra. Então, eu senti a ventania irritando cortando o meu rosto com seus toques gélidos e por um segundo me vi como um iceberg flutuando no deserto. Eu não sei qual é a dessa metáfora, francamente. 
Meus pensamentos se voltaram para a minha escrita e tudo ficou muito confuso. Qualquer um escreve. Junta palavra ali, palavra acolá, e pronto. Eu não deveria levar minha escrita a sério. Se eu pudesse catalogar toda a minha produção literária, colocaria tudo com um M de "mimimi" em letras garrafais cor-de-rosa.
Lembrei do meu portfólio. O passado do aprendizado organizado em fundos rosados. Desde quando eu gosto tanto de rosa? Não me lembro de ter deixado essa cor entrar na minha vida - não me lembro de ter deixado nada entrar na minha vida, eu nem sei porque EU entrei na minha vida.
"Você nasceu porque seus pais te fizeram" - não, não quero seguir essa linha de pensamento.
Mistura de DNA, A-T-C-G e tem mais alguma letra que eu não lembro. Como os ATCG's dos meus pais se misturaram e deram nisso aqui? Qual é a lógica inabalável da genética que juntou nuvem com nuvem e criou um pato?
Sim, eu sou um pato. O patinho feio que na real nem era um pato, era um cisne. Que família burra é essa que nunca percebeu que aquilo não era um pato? Será que eles desconheciam a própria anatomia? Acho que os pais desse pato-que-era-cisne tinham problemas com drogas e viviam alterados, por isso achavam que o cisne-que-era-pato era um pato, não um cisne.
Eu vomito palavras e vomito ideais e meus sentimentos são as toras de madeira da minha lareira.
Agora você entende o nome dessa crônica?

domingo, 11 de agosto de 2013

A Liberdade Sexual de Sookie Stackhouse

written by Larissa Rainey at 00:14 0 comentários.

Já aviso: se você não curte True Blood, esse post não é pra você. E tem spoilers. E ~fotos picantes~.

domingo, 4 de agosto de 2013

#21 - A Ponta da Faca

written by Larissa Rainey at 20:00 0 comentários.
lovelycontusions

Como conformar o inconformado?
Os argumentos imbatíveis são corrompidos pela imaginação do ouvinte desinteressado. A lógica e a racionalidade são atropeladas pelo "homem-de-ação" que não se importa com as teorias. O amor e o carinho são substituídos pelo desejo de ter poder e pela luxúria da rigidez. O respeito sai da prateleira, e agora só vendem sapos - prontos para engolir.
Eu preciso sobreviver... preciso?
Por mais que uma pessoa tente ignorar, existem sentimentos envolvidos. Existe aquela vontade de pertencer a algum lugar, mesmo que este lugar seja a definição do inferno da classe média. Existe a procura pelo afago, pelo calor, pela esperança de que o mundo não seja tão execrável assim.
Eu procuro pelo paraíso inexistente. Nunca existiu. Não existe. Jamais existirá.
Procura-se soluções, e não razões. Por mais que sejam compreendidas as razões, de nada adianta esse conhecimento sem um plano prático para acabar com tudo.
"Acabar com tudo"... não importa para onde eu corra, essas são as três palavras que chovem no meu jardim semântico.
O aço gelado perfura a pele e machuca a carne, enquanto o sangue corre solto.
A cada vez que eu converso com você, é mais um murro que dou na ponta da faca. Ela nunca perde o corte. Você sempre tem razão. Eu sempre enlouqueço.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

#20 - O Manifesto da Introvertida

written by Larissa Rainey at 21:55 0 comentários.

introversion II por ezorenier
Você não dirá que eu devo sorrir.
Você não dirá que eu devo sair de casa.
Você não dirá que o palpitar trêmulo dentro de mim é frescura.
Você não dirá que se eu arranjar um emprego, deixarei de ser assim.
Eu sou introvertida - lide com isso.
Eu não vou abraçar qualquer pessoa. 
Eu não vou puxar assunto com qualquer pessoa em qualquer lugar.
Eu não vou te dizer algo engraçado se eu não me sentir confortável antes.
Minhas mãos estão no meu bolso, meus olhos para baixo.
Eu sou introvertida e você não deve tentar mudar quem eu sou.
Eu sou introvertida e você não deve me criticar por isso.
Eu me abro com quem eu quiser, na hora que quiser,  SE eu quiser.
Não sou melhor por causa disso.
Não sou pior por causa disso.
Comigo as coisas podem ser mais demoradas, mais lentas, mais doloridas.
Mas eu vou melhorar isso se eu quiser - se eu não aguentar mais.
Não tente me mudar. Não tente me diminuir. Não tente me pressionar a ser igual a você, extrovertido.
Você não é melhor que eu só porque consegue fazer amigos mais rápido.
Você não é melhor que eu só porque consegue arranjar empregos mais rápido.
Você não é melhor que eu só porque consegue falar em público com mais facilidade.
Estou em contato comigo mesma, estou dentro do meu mundo.
Não me tire dele a não ser que eu queira.
Eu não preciso mudar o meu interior para caber no formato que você prefere.
Eu não preciso mudar o meu coração para falar mais alto.
Se você não me respeita falando pouco, falando baixo ou não falando, por que eu deveria te respeitar para ser mais cômoda ao seu molde?
Se eu quiser sair de casa para conhecer gente nova, eu saio.
Se eu não quiser, eu não saio.
Eu sou introvertida e me tranco - melhor do que sair à força.
Eu sou introvertida e falo baixo, mas se você tentar me convencer de que isso é falha de personalidade, eu vou gritar bem alto para você ir se foder, seu merda.



 

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