sábado, 4 de abril de 2015

I had to reinvent.

written by Larissa Rainey at 20:51
"Quando Ofélia aparece no palco durante o Quarto Ato, cena 5, cantando pequenas músicas e entregando flores imaginárias, ela perturba temporariamente toda a dinâmica do poder da corte de Elsinore.  Quando eu visualizo essa cena, eu sempre imagino Getrude, Claúdio, Laerte e Horácio compartilhando um olhar atordoado, pensando a mesma coisa: "Nós ferramos tudo. Nós ferramos muito tudo." Esse pode ser o único momento de auto-consciência da peça inteira. Nem o crítico mais nojento, tão velho quanto um dinossauro, tenta fingir que Ofélia está fazendo tempestade num copo d'água. A sua loucura e morte é, claramente, o resultado direto da tirania e negligência dos homens de sua vida. Ela é a prova que garotas adolescentes não perdem a cabeça por diversão. Elas chegam a esse ponto por conta das pessoas em suas vidas que deveriam saber agir melhor. Eu acho que Shakespeare entendia isso melhor do que a maioria das pessoas, hoje em dia." - tradução preguiçosa de The Unified Theory of Ophelia: On Women, Writing and Mental Illness.


Eu morri no dia 22 de outubro de 2014. Uma parte de mim estava tão desesperada e sobrecarregada que parou de viver. Numa última explosão, consumiu o que viu pela frente sem medir as consequências. Pro inferno com as consequências. Eu tinha uma música da Tori Amos que não parava de tocar na minha cabeça. Era um mantra do céu e do inferno, me levando a desesperos que eu já conhecia bem.

These precious things, let them bleed, let them wash away
These precious things, let them break their hold over me

Eu morri de calor. E então eu morri de frio. Num momento eu enxergava tudo e no outro tudo era confuso e atrapalhado. Uma coisa trêmula e chorosa... e ela morreu.

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Uma vez eu li que às vezes, precisamos matar certas partes de nós mesmos para prosseguir com a vida. Eu lembro dessa frase todo. santo. dia. Eu realmente acredito nisso porque sou prova viva. Toda vez que eu me olho no espelho eu penso nisso.
A parte que morreu tinha medo. Muito medo. A parte que morreu transbordava raiva, pessimismo. Era um tsunami no olho do furacão que ficava em cima de um vulcão. Anos e anos ouvindo que não era boa o suficiente, que não era adequada, que tinha nascido com a única intenção de infernizar, que já passou pelo inferno sem precisar sair de casa e ir conhecer o mundo. 
O que você faz quando parte de você morre, mas ainda existem outras vivas por aí?
Simples. Você rega toda as partes que sobreviveram até que elas se tornem fortes o suficiente. Nossa força não está na hora que fraquejamos e jogamos tudo para o alto, e sim em como lidamos para nos reerguer.
Eu escolho as minhas batalhas. Eu prefiro, por exemplo, me frustrar com 11 exercícios de física que eu não consigo fazer do que ficar magoada porque certas pessoas não assumem a responsabilidade pelas suas falas. Eu prefiro ficar frustrada com uma matéria que eu posso entender algum dia e vai me dar algum retorno (como entrar numa federal em Psicologia) do que lidar com gente adulta que não coloca a mão na consciência.
Eu tenho falhas. Várias. Mas eu tento melhorar, eu seguro meus ataques de raiva, eu não desconto meus humores nos outros. Agora, se você não consegue... o probleminha é inteiro seu. Se você ainda se projeta em mim, se você ainda acha que eu sou uma extensão sua... o probleminha é inteiro seu. Se você precisa olhar na minha cara e dizer que tem pena de mim, que seria melhor eu ir pros Estados Unidos limpar privada... adivinha de quem é o problema?
A parte de mim que acreditava nas suas mentiras morreu no dia 22 de outubro do ano passado. Eu cresci e eu me tornei algo maior que mim mesma. 


Sabe de quem eu tenho medo? Dos meus impulsos autodestrutivos. Pronto. Acabou. Não aturo mais porra nenhuma de ninguém. Mesmo que eu fique em silêncio e você ache que ganhou a discussão... eu só não quero gastar minhas palavras com você. Porque não vale a pena. Nunca valeu e eu não tenho tempo a perder. Eu não vou me encolher nem ficar enfurnada na cama sendo que eu poderia estar estudando pra garantir minha vaga na minha segunda faculdade enquanto você... tá aí, né. 


Eu assumo responsabilidade pelos meus atos e sei que fui errada com muitas pessoas. E eu tenho vergonha de pedir desculpas, e sou errada nisso também (o que é contraditório, vamos combinar). Mas existem mil coisas boas em mim mesmo que eu não enxergue. Então foda-se o que as pessoas acham de mim. Não quero mais maximizar meus erros e esquecer do que eu já fiz de bom nessa vida. Eu sou resiliente. Eu sou criativa e consigo me virar, mesmo quando estou na merda. Tem sempre aquela frestinha de luz no meio da escuridão e é pra lá que eu vou. E no final das contas....


eu sei que numa realidade alternativa eu sou esse menino. Nicki Minaj tem poder, minha gente.











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