Andar em círculos cegamente, sem pensar em porque anda em círculos. Me perdi há tanto tempo atrás, que mal sei o que é andar em linha reta. Todos os dias, os mesmos ciclos e círculos que se contorcem e se convergem em outros ciclos e círculos mas que no final das contas são iguais, sempre. O que senti ontem, sinto hoje e sentirei amanhã. A lógica não muda, jamais. Ano passado, nesta mesma época, recordo de ter sentido as mesmas coisas.
Uma perda de espaço. Um desperdício de tempo. As palavras cansaram-se de mim, mas e eu que não me cansei delas? Eu as procuro, para que desafiem a minha rotina. Mas elas fugiram, sumiram, e aqui estou perdida entre mil lágrimas e o silêncio que cai.
E eu ainda me pergunto, por que eu me importo em escrever. Ou fazer qualquer outra coisa. Existe algo dentro de mim que me anula. O meu coração é gigantesco, e lá cabem todos os sonhos do mundo. (Frase bem Fernando Pessoa, essa) Mas por que a realidade que eu pinto com a minha imaginação parece tão impossível e fora de alcance? Então encontro-me frustrada, pois a minha imaginação é mil vezes melhor do que essa realidade sem cores. Eu fiquei tão viciada em imaginar, que nem o nome com o qual me apresento aqui ou em qualquer outro lugar da internet é verdadeiro. Larissa sim - Rainey não.
Morton Rainey... eu gosto de pensar em você. Muitas vezes ao dia. Mas você é só um personagem de filme, não existe na vida real. Também é personagem de conto, mas eu prefiro você no filme - estranhamente. Por que eu escolhi o seu sobrenome, Morton? Eu e você somos muito parecidos. A vida bateu na nossa cara e a gente teve que se virar. E nos viramos. Da melhor maneira? Obviamente, não. E a nossa maneira foi bem parecida. Claro que as nossas histórias terminaram de jeitos diferentes - e a minha não terminou, veja bem. Mas foram caminhos tão parecidos, que muitas vezes me sinto... como se você fosse a representação do que poderia acontecer. Ou sei lá, como se você existisse dentro de mim. Ou que eu existo dentro de você, como se o Stephen King no momento que te criou tivesse resolvido representar todas as pessoas como eu. Ou será que eu deveria mandar tudo ir pra puta que pariu?
Acontece que, Morton meu querido (vou te chamar assim e ponto), eu não sou só uma garota que roubou seu sobrenome porque você foi interpretado pelo Johnny Depp. Te conheci através do Johnny, claro, mas você se tornou tão singular que raramente lembro dele quando te vejo. Gosto de pensar que o Johnny te personificou, e muito bem aliás. Melhor do que o final medíocre que te deram no conto. Respeito muito o Stephen, mas ele poderia ter sido mais genial ao fechar a sua história. Mas voltando ao fato de eu ser uma garota que roubou seu sobrenome... Uma vez, fui assinar um papel importante e quase escrevi Larissa Rainey. Esse sobrenome, esse Rainey, essa couraça, essa armadura, me protege de uma certa maneira que sou mais Rainey do que qualquer coisa.
Eu só queria que você realmente existisse. Para me ajudar numa hora como esta. Ninguém entende. As pessoas se tornam felizes com o tempo, arranjam uma vida. E eu continuo presa aqui, chorando, mas ninguém entende o porquê e pra ser sincera, nem eu entendo. Eu não entendo essa onda de tristeza que me invade todo santo dia, batendo nas minhas costas, como se elas fossem o mar. Todo dia, uma pequena tempestade.
Essa sou quase eu, quase desconstruída. Porque pra eu me revelar inteiramente e me desconstruir inteiramente... haja silêncio.
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