É como se eu estivesse na direção oposta do mundo. Ele vai para a esquerda, eu vou para a direita. Ele sobe, eu desço. E assim eu vou, desequilibrada e tremendo, sem saber ao certo aonde vou. Eu costumava escrever páginas e páginas sobre meus sentimentos, e dizia com precisão o que se passava dentro deste coração meu. Mas eu estou tão na contra mão, tão desregulada, que nem isso eu consigo. Escrever dói.
Eu fico olhando para essa tela de computador e eu sei que existem mil palavras dentro da minha mente. É como se os fios de seda estivessem me chamando, sussurrando em meu ouvido, “teça-nos. Teça-nos com suas mãos suaves e experientes, teça-nos e vá para um lugar que precisa ser explorado. Teça-nos e liberte-se”. Mas as minhas mãos não são mais suaves. Elas estão ensangüentadas, calejadas, machucadas e cansadas. Viver está acabando comigo.
Justo eu, que queimava de vontade de viver. Esse turbilhão de sensações e sentimentos foi substituído por um mar calmo e sereno. Não sinto mais com a mesma intensidade de outrora. Minhas palavras perderam a cor, minhas frases perderam a importância. A distância entre eu e o mundo está cada vez maior – é como se eu estivesse exilada no lado oposto.
Eu estou cada vez mais me afundando na serenidade desse mar. Essa serenidade me cansa. Não nasci para ser serena – nasci para promover o caos e o fogo. Mas eu me joguei nesse mar, estou presa nele, sou sua escrava. Desaprendi a reagir, desaprendi a lutar, desaprendi a ser eu mesma. Quando me olho no espelho, meus olhos estão cheios de tristeza. Não há mais brilho. E nos meus lábios, apenas um sorriso constrangido.
O desgosto tomou minha garganta inteira e não sinto mais o gosto de nada. Quem diria...
2 comentários.:
Isso tem nome.
Se chama "Paz".
Isso tem nome.
Chama-se Inércia.
Get out of it.
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