sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Printemps

written by Larissa Rainey at 19:52 1 comentários.
In the Roses, by thefantasim

Meu corpo está trocando de estação. 
A neve derrete sob o telhado, encharcando cada canto meu. O sol se recusa a sair. Ele está cheio de receios e inseguranças, completamente ciente de que não estou pronta para receber seu calor. E realmente não estou. Não tenho vergonha de admitir minha inexperiência - perdi meu orgulho numa nevasca qualquer. 
Ainda estou à espera dos ventos gélidos que se tornaram parte do meu cotidiano. Fito a lareira com olhos desesperados, pois ela não me esquenta mais. O fogo se tornou longínquo e inacessível, e isso me enraivece. Meu arsenal não tem mais uso, é antiquado. Ele não serve para a estação que se aproxima.
O mundo exige a primavera que escondo dentro de mim. As contradições e culpas multiplicam-se e dominam cada pensamento meu. O que era tão certo caiu, foi embora, derreteu-se com a neve. 
Eu faço meu próprio movimento... então minhas mãos irão varrer a neve para fora de mim, até que tudo esteja limpo e seco. Isso deve ser feito com delicadamente, para que eu não jogue meu amor próprio fora. Preciso virar as costas e não olhar a paisagem que estou deixando para trás. Experimentar o passado não alimenta a alma. Eu preciso assassinar meu antigo ego para solidificar a apreciação do meu ser. É necessário que eu me queime por inteira para renascer das cinzas, cada vez mais brilhante e quente. Devo enterrar o que não me serve mais, para que da terra nasçam os mais deliciosos frutos, envoltos em lindas flores. 
O inverno é mais um amante que recusei... meus beijos apaixonados agora pertencem à Primavera. 

domingo, 23 de setembro de 2012

O manifesto de um escritor

written by Larissa Rainey at 17:40 0 comentários.
Typewriter, por toastytreat87

Eu sou a prostituta cheia de confiança do seu bairro. Eu sou o seu estudante de boca fechada. Eu sou cada adolescente cheio de angústia, cada mãe com o coração dolorido, cada garoto com um baixo. E eu sou um escritor.
Eu conheço a força da caneta e o impacto das palavras digitais. Eu te contarei sobre o abandono que eu nunca vivi, do amor que nunca perdi, e do toque que nunca senti. Eu conheço a sensação da inspiração que vem à meia-noite, de engolir ideias inatas, de adotar uma linguagem de palavras que nunca foram ditas. Eu sou cada criança doente que você tirou sarro, cada garoto que você traiu, cada adolescente corajoso o suficiente para pegar numa caneta, cada pessoa que teve culhões para fazer a diferença no papel. Eu sou o que você gostaria de ser num lugar que você queria. Eu estou vivo no brilho avermelhado de uma lâmpada, eu respiro as ideias rabiscadas nas páginas em branco de um diário. Eu conheço a inveja do talento que passa na minha frente e a raiva da musa perdida, e eu uso tudo o que você joga no lixo como minha tinta.
Eu sou cada música que você odeia e cada livro que você ama, cada garota que você gostaria de ter beijado e cada informação que você ignorou. Sou a sua aberração, o seu sexo, sua cultura de luzes elétricas; sou aquele que vai em raves, que faz parte da cena e sou seu esmalte que brilha na luz negra. Permito que eu seja rudimentar e que me falte lapidação para que você não tenha que ser assim. Sou a sua trepada barata, sua inocência perdida devido à curiosidade dos seus hormônios. Eu sou cada ideia que você teve mas não seguiu, cada centímetro que  você deixa sua mão tocar aquele lugarzinho sujo que sua mãe lhe advertiu sobre. Eu darei um som musical aos seus ouvidos ensurdecidos e darei aos cones de seus olhos as cores que estão faltando.
Sou o seu romance por sms, a sensação formada no útero, a batida da vida despercebida. Sou a sua vingança de tinta nregra, seus dedos loucos por atenção, suas células que vivem e respiram e desejam o estímulo do contato humano. Sou seu companheiro de batalha, aquele que atira em escolas e é manchete do noticiário, a pergunta que fica martelando na sua cabeça e a sua resposta ranzinza.
Eu sou cada preconceito na sua cabeça, cada cantor de um hit só. Sou o seu superior, seu inferior, seu "posso", seu "não posso"; tudo o que você  gostaria de ser e tudo o que você tem. Sou seu amante, seu mentiroso, sua beleza, seu desejo suicida, seu ego de 10 volts, sua necessidade pulsante. Eu sou cada livreto religioso, cada socialista utópico, cada suspiro profundo, o tom do seus passos, a excitação do seu choro e a linda maravilha da sua dor. Eu sou cada droga inalada e injetada que você respira. Sou os seus sentidos cortados, sou o "olá, ignorância" e o "adeus, coisas bonitas". Sou sua análise da mídia, seu não-conformista superficial.  Sou lixo com sabor de lixo,  a vida de lazer. Eu sou um e sou todos, eu dou e recebo.
Sou o Deus do meu mundo. Sou sua meia-irmã e o irmão do seu melhor amigo. Sou caneta e papel. Sou o vômito de ideias. Sou as luzes vermelhas e a liberdade roxa. Sou o êxtase. Sou a libertação. Sou um escritor.

Traduzido do original escrito por AGoddessFinch, no DeviantArt.
Espero que esse texto te inspire, e me inspire também - porque a coisa tá difícil.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Kissed by Fire - Tori Amos

written by Larissa Rainey at 22:27 1 comentários.
Um blog como o Inside the Secret Window precisa de sua própria coluna sobre ruivos e ruivas, certo? E ninguém melhor do que a Tori Amos pra começar essa nova seção!❤

terça-feira, 18 de setembro de 2012

O infinito estelar

written by Larissa Rainey at 21:46 0 comentários.

Sinto-me como se estivesse empoeirada. Mas não poeira qualquer, que se acumula quando estamos parados. A poeira das estrelas está impregnada em meus cabelos, em meus dedos, em meus pés, em meu sorriso. Mal me movo - e a poeira cai em tudo o que toco. Para os apressados, é apenas sujeira. Mas existem aqueles que percebem esse brilho tão tímido - e tenho esperanças de que eles brilhem junto comigo.
Quando me deito e fecho meus olhos cansados, estendo meu corpo num tapete de estrelas. Existem tantas coisas  para serem observadas, e questionadas, e amadas... cada estrela me ensina algo diferente, seja mundano ou extraordinário. Brinco com elas, conto a elas sobre o meu dia, sobre as pessoas novas que conheci, sobre as palavras novas que aprendi. Eu e as estrelas trocamos segredos pequeninos e simples - só nossos. De mais ninguém.
Aprendi com as estrelas que nem sempre todos querem compartilhar seu brilho. Nem todos vão enxergar o brilho da sua poeira. Vão pegar uma vassoura qualquer e varrer para bem longe... varrerão, varrerão, até que tudo fique impecavelmente limpo e fosco. Não quero pessoas limpas. Quero os brilhantes empoeirados, quero a mistura entre os cintilantes e minúsculos pedacinhos que deixamos pelo mundo.
Mas nada disso importa. Sou infinita em mim mesma e moldo a minha plenitude como origami - ninguém me diz o que sou, como sou, não me delimito mais. Eu completo os meus vazios, recorto meus pedaços. Eu limpo com precisão magnífica as minhas sujeiras, e  quando está limpo demais eu sujo tal como criança irrequieta. Eu sou a mão que me empurra para o precipício e sou a rede que me segura enquanto caio. Não preciso que me movam; crio meu próprio movimento e minha própria gravidade. Eu sou o meu Big Bang, e sou o meu fim do mundo.
O dia mais bonito da minha vida foi o dia que a escuridão se explodiu - todas as estrelas se revelaram para mim, e me revelei estrela também.


sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Amanda Palmer & The Grand Theft Orchestra - Theatre is Evil

written by Larissa Rainey at 17:53 0 comentários.
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