domingo, 23 de setembro de 2012

O manifesto de um escritor

written by Larissa Rainey at 17:40
Typewriter, por toastytreat87

Eu sou a prostituta cheia de confiança do seu bairro. Eu sou o seu estudante de boca fechada. Eu sou cada adolescente cheio de angústia, cada mãe com o coração dolorido, cada garoto com um baixo. E eu sou um escritor.
Eu conheço a força da caneta e o impacto das palavras digitais. Eu te contarei sobre o abandono que eu nunca vivi, do amor que nunca perdi, e do toque que nunca senti. Eu conheço a sensação da inspiração que vem à meia-noite, de engolir ideias inatas, de adotar uma linguagem de palavras que nunca foram ditas. Eu sou cada criança doente que você tirou sarro, cada garoto que você traiu, cada adolescente corajoso o suficiente para pegar numa caneta, cada pessoa que teve culhões para fazer a diferença no papel. Eu sou o que você gostaria de ser num lugar que você queria. Eu estou vivo no brilho avermelhado de uma lâmpada, eu respiro as ideias rabiscadas nas páginas em branco de um diário. Eu conheço a inveja do talento que passa na minha frente e a raiva da musa perdida, e eu uso tudo o que você joga no lixo como minha tinta.
Eu sou cada música que você odeia e cada livro que você ama, cada garota que você gostaria de ter beijado e cada informação que você ignorou. Sou a sua aberração, o seu sexo, sua cultura de luzes elétricas; sou aquele que vai em raves, que faz parte da cena e sou seu esmalte que brilha na luz negra. Permito que eu seja rudimentar e que me falte lapidação para que você não tenha que ser assim. Sou a sua trepada barata, sua inocência perdida devido à curiosidade dos seus hormônios. Eu sou cada ideia que você teve mas não seguiu, cada centímetro que  você deixa sua mão tocar aquele lugarzinho sujo que sua mãe lhe advertiu sobre. Eu darei um som musical aos seus ouvidos ensurdecidos e darei aos cones de seus olhos as cores que estão faltando.
Sou o seu romance por sms, a sensação formada no útero, a batida da vida despercebida. Sou a sua vingança de tinta nregra, seus dedos loucos por atenção, suas células que vivem e respiram e desejam o estímulo do contato humano. Sou seu companheiro de batalha, aquele que atira em escolas e é manchete do noticiário, a pergunta que fica martelando na sua cabeça e a sua resposta ranzinza.
Eu sou cada preconceito na sua cabeça, cada cantor de um hit só. Sou o seu superior, seu inferior, seu "posso", seu "não posso"; tudo o que você  gostaria de ser e tudo o que você tem. Sou seu amante, seu mentiroso, sua beleza, seu desejo suicida, seu ego de 10 volts, sua necessidade pulsante. Eu sou cada livreto religioso, cada socialista utópico, cada suspiro profundo, o tom do seus passos, a excitação do seu choro e a linda maravilha da sua dor. Eu sou cada droga inalada e injetada que você respira. Sou os seus sentidos cortados, sou o "olá, ignorância" e o "adeus, coisas bonitas". Sou sua análise da mídia, seu não-conformista superficial.  Sou lixo com sabor de lixo,  a vida de lazer. Eu sou um e sou todos, eu dou e recebo.
Sou o Deus do meu mundo. Sou sua meia-irmã e o irmão do seu melhor amigo. Sou caneta e papel. Sou o vômito de ideias. Sou as luzes vermelhas e a liberdade roxa. Sou o êxtase. Sou a libertação. Sou um escritor.

Traduzido do original escrito por AGoddessFinch, no DeviantArt.
Espero que esse texto te inspire, e me inspire também - porque a coisa tá difícil.

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