time manager by ~Apachennov
A arte é o ofício mais agridoce que se há. É difícil, e é simples, e é maravilhoso e é doloroso. Proporciona as mais complexas sensações a quem aprecia e a quem a faz. Descrever e entender a arte, seja ela qual for, é um objetivo grandioso demais que eu jamais tentarei alcançar. Mas essa crônica não é sobre isso.
Por que, quando se fala de arte, muito se fala de perder tempo? Por que assistir um filme a apreciá-lo ao máximo é considerado perda de tempo? Por que passar a tarde num museu admirando a arte de outros é considerado perda de tempo? Por que o amor incondicional por literatura também é considerado perda de tempo? E ainda, por que quando alguém tenta criar arte, é considerado perda de tempo?
Questiono tudo isso por justamente escutar essa frase incessantemente. As horas que passo tentando escrever um livro são consideradas desperdício de juventude por pessoas que não entendem muito bem a lógica da coisa. Engraçado, pois eu considero um desperdício de juventude amar algo e não fazer nada disso. Desperdiço tempo quando não estou escrevendo ou quando faço algo que odeio e que não alimenta a minha alma... e não quando leio, assisto algo ou escrevo.
Não estou "fazendo nada". Não estou "perdendo tempo". Não estou "deixando de viver minha vida. Estou usando meu tempo e minha vida para fazer algo que será maior que eu, mesmo que ninguém leia meu livro. Existe reconhecimento nas menores coisas, e as minhas vitórias particulares serão maiores do que qualquer outra vitória pública que eu venha a ter.
E por essa razão, voltarei a escrever. Até que minhas mãos se cansem, até que minha mente desligue sozinha, até que os gritos alheios tornem-se roucos de tanto reverberar. Escreverei, mesmo que ninguém leia. Mesmo que seja um "Eu me odeio" num guardanapo sujo. Escreverei, escreverei, e perderei menos o meu tempo com opiniões que nada me acrescentam.
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