sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

#8 - Vintage

written by Larissa Rainey at 21:10

     Escrever estas palavras requer um esforço tão grande, meu amor. Perdi a conta de quantas folhas já amassei e joguei fora. Perdi a conta de quantas lágrimas mancharam minhas frases. Perdi a conta de quantas vezes pensei que fosse enlouquecer. Mas, querido meu, não enlouqueci – ainda não! E estou certa de que quando o farei, mal perceberei.
     Minha imaginação te pinta das mais variadas cores. São vermelhos, azuis, verdes, púrpuras, amarelos. Tão vivos quanto tua alma. Entretanto, as cores não são o suficiente para o meu coração. Sempre que pinto uma imagem mental tua, meu coração se rebela. Nunca é o suficiente. Detalhes de teu corpo que não estão tão nítidos, uma nota na tua voz que parece distante demais. Minha pobre mente não consegue conjurar uma imagem que dê jus a tua existência. E então me perco em mais memórias, mais pequeninos fragmentos que deixem tua imagem mais forte. És um quebra cabeça... sempre com uma peça faltando.
     Penso na minha vida antes de ti. Penso na menina calada e subserviente que eu costumava ser. A menina tímida que esperou a vida inteira pela tua presença, mesmo sem te conhecer ainda. Sempre quieta, sempre com as palavras adequadas nos lábios. O brilho falso nos olhos, a estúpida modéstia, os movimentos vazios, a música sem vida.
     Lembro-me da primeira vez que te vi. Pensei, por um instante, estar morrendo. A menina morreu no mesmo instante que te vi. Mataras a menina... e não foi crime algum. 


(escrito em 21 de dezembro de 2011.)

1 comentários.:

Debora Nardi on 11 de janeiro de 2013 às 18:54 disse...

Lindo. Me identifiquei totalmente.
Beijos.
http://thief-of-words.blogspot.com

Postar um comentário

 

Larissa Rainey Copyright © 2012 Design by Antonia Sundrani Vinte e poucos