Escrever estas palavras requer um esforço
tão grande, meu amor. Perdi a conta de quantas folhas já amassei e joguei fora.
Perdi a conta de quantas lágrimas mancharam minhas frases. Perdi a conta de
quantas vezes pensei que fosse enlouquecer. Mas, querido meu, não enlouqueci –
ainda não! E estou certa de que quando o farei, mal perceberei.
Minha imaginação te pinta das mais variadas
cores. São vermelhos, azuis, verdes, púrpuras, amarelos. Tão vivos quanto tua
alma. Entretanto, as cores não são o suficiente para o meu coração. Sempre que
pinto uma imagem mental tua, meu coração se rebela. Nunca é o suficiente.
Detalhes de teu corpo que não estão tão nítidos, uma nota na tua voz que parece
distante demais. Minha pobre mente não consegue conjurar uma imagem que dê jus
a tua existência. E então me perco em mais memórias, mais pequeninos fragmentos
que deixem tua imagem mais forte. És um quebra cabeça... sempre com uma peça
faltando.
Penso na minha vida antes de ti. Penso na
menina calada e subserviente que eu costumava ser. A menina tímida que esperou
a vida inteira pela tua presença, mesmo sem te conhecer ainda. Sempre quieta,
sempre com as palavras adequadas nos lábios. O brilho falso nos olhos, a
estúpida modéstia, os movimentos vazios, a música sem vida.
Lembro-me da primeira vez que te vi.
Pensei, por um instante, estar morrendo. A menina morreu no mesmo instante que
te vi. Mataras a menina... e não foi crime algum.
(escrito em 21 de dezembro de 2011.)
1 comentários.:
Lindo. Me identifiquei totalmente.
Beijos.
http://thief-of-words.blogspot.com
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