sexta-feira, 12 de abril de 2013

#17 - Brincando

written by Larissa Rainey at 16:44

Não gosto de algumas piadas. Considero-as desnecessárias, ofensivas, baixas, ridículas. Considero-as fruto de uma mente fechada com consciência torta. O uso de uma palavra modifica todo um discurso, e eu esperaria que todos nós soubéssemos disso. Somos seres falantes (tenho minhas dúvidas quanto ao 'pensantes'). Mas é o que é - uma piada, certo? Não há necessidade de levar tudo muito a sério. Talvez eu seja muito formal - ou muito atrasada intelectualmente. O humor, pra ser engraçado, tem que tirar sarro de absolutamente tudo, de qualquer maneira. Não se precisa pensar no humor para fazê-lo. Estão apenas brincando.
Não gosto quando um apresentador faz uma coletânea de todas as mulheres que expuseram os seios em filmes. E antes que digam que eu sou pudica, meu problema não é com o corpo desnudo. O meu problema é que até quando a cena é de estupro ou demonstra alguma violência, o que importa para algumas pessoas é ver mulher nua. Porque realmente, vivemos numa sociedade muito conservadora e é muito difícil ver corpos femininos sem roupa. A nossa sociedade resume-se a garotos de 13 anos com testosterona borbulhante. Mas no final de contas, é mais uma piada, certo? Que horror, eu sou muito séria. Talvez eu precise levar minha vida com mais leveza, com mais senso de humor.
Quando tiravam sarro do meu cabelo ruivo na escola, sempre me diziam que eu deveria rir junto. Que era apenas uma forma de me notarem. Que quando garotos se comportam dessa forma com você, é porque eles estão interessados em você. Mas eu nunca acreditei nisso... acho que sempre fui muito fechada, muito irritadinha. Coitada de mim que perdi a oportunidade de viver a adolescência ao lado de gênios do humor galanteadores.
Quando assediam alguém pela internet - por ser gay, gordo, ou simplesmente por ser - é normal. É tudo pela zoeira. É só brincadeira, gente, não precisa levar nada disso a sério. E se essas brincadeiras acabam com a vida de alguém, é porque a pessoa era fraca e não sabia entender uma piada... será que esse é o meu fim?
Quando um homem faz questão de assediar e abusar de uma moça num programa de televisão, é transgressão artística. Não é abuso, imaginem só! Afinal de contas, a culpa é do vestido dela. Dos saltos que ela usa. Da persona dela. Porque independentemente da roupa que usamos, não somos importantes o suficiente para sermos respeitados. Precisamos seguir o código para ser merecedor de um mínimo respeito. Mas eu não devia ficar com tanto nojo disso, devia? É uma brincadeira, não é?

1 comentários.:

Meowry on 12 de abril de 2013 às 17:00 disse...

Em determinado momento de minha vida cheguei a pensar que eu era um rabugenta sem senso de humor e critica demais... Mas quer saber? Se for pra achar graça de abuso, preconceito e violência, então eu sou sim, uma filha da puta de uma rabugenta sem senso de humor. Pois esse tipo de graça, eu não enxergo.

Ainda bem que conheci pessoas como você. ♥

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