sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

#8 - Vintage

written by Larissa Rainey at 21:10 1 comentários.

     Escrever estas palavras requer um esforço tão grande, meu amor. Perdi a conta de quantas folhas já amassei e joguei fora. Perdi a conta de quantas lágrimas mancharam minhas frases. Perdi a conta de quantas vezes pensei que fosse enlouquecer. Mas, querido meu, não enlouqueci – ainda não! E estou certa de que quando o farei, mal perceberei.
     Minha imaginação te pinta das mais variadas cores. São vermelhos, azuis, verdes, púrpuras, amarelos. Tão vivos quanto tua alma. Entretanto, as cores não são o suficiente para o meu coração. Sempre que pinto uma imagem mental tua, meu coração se rebela. Nunca é o suficiente. Detalhes de teu corpo que não estão tão nítidos, uma nota na tua voz que parece distante demais. Minha pobre mente não consegue conjurar uma imagem que dê jus a tua existência. E então me perco em mais memórias, mais pequeninos fragmentos que deixem tua imagem mais forte. És um quebra cabeça... sempre com uma peça faltando.
     Penso na minha vida antes de ti. Penso na menina calada e subserviente que eu costumava ser. A menina tímida que esperou a vida inteira pela tua presença, mesmo sem te conhecer ainda. Sempre quieta, sempre com as palavras adequadas nos lábios. O brilho falso nos olhos, a estúpida modéstia, os movimentos vazios, a música sem vida.
     Lembro-me da primeira vez que te vi. Pensei, por um instante, estar morrendo. A menina morreu no mesmo instante que te vi. Mataras a menina... e não foi crime algum. 


(escrito em 21 de dezembro de 2011.)

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

#7 - Lembretes

written by Larissa Rainey at 21:50 0 comentários.
(juro que tentei achar a fonte dessa imagem, mas só achei vários tumblrs e nenhum deles dizendo qual era o fotógrafo. se alguém souber, favor me avisar.)


Eu gosto de ser constantemente lembrada, antes de sair de casa, de todas as precauções que devo tomar. Deixar o celular pouco visível, a carteira bem guardada, a bolsa bem fechada e não deixar muita pele à mostra. Porque, é lógico, não se pode confiar em ninguém e tenho certeza que a mera visão das minhas belíssimas pernas transparentes desnudas são estonteantes. Essa visão é tão poderosamente excitante que qualquer pessoa deixaria sua racionalidade de lado e tentaria me violentar. Claro, esse é meu poder enquanto mulher. Ser  interpretada como sexual mesmo quando eu só esteja morrendo de calor, embaixo de um sol de quase quarenta graus num ônibus lotado. Talvez eu só queira um pouco mais de conforto. 
Eu gosto de ser constantemente lembrada que se a minha blusa está decotada demais, pouco importa o que eu estou falando - eu automaticamente sou desvalorizada. Seios são belos, ponto final. Mas eu também sei que o meu decote não desvaloriza a minha mente. O que eu leio, o que eu escrevo, o que eu penso, o faço com o cérebro - e não com os meus seios. É uma pena que você me lembre que o tamanho do meu busto tão ocasionalmente faça com que as pessoas pensem coisas equivocadas à meu respeito. Talvez aquela bela mulher que conseguiu uma posição de prestígio dentro de uma empresa seja fascinante e inteligente, e não apenas bonita. E se eu escolho mostrar o meu corpo, significa que eu o amo. Que apesar de todos os esforços para que eu o odeie, eu o amo. Eu o celebro em sua plenitude. Não tenho vergonha dele.
Eu gosto de ser constantemente lembrada que eu preciso estar impecável o tempo inteiro. Me maquiar e me vestir de acordo com o meu humor não é desculpa - e que se o meu parceiro me trair, a culpa é minha por não me vestir feito a Dita von Teese diariamente. Eu gosto de ser ensinada desde pequena a observar todos os pontos negativos do meu corpo, apenas para aprender a realçá-los na vã tentativa de conseguir um marido. Me vestir para me expressar? Para descobrir a minha personalidade através das roupas? Para mostrar que me identifico com alguma estética? Se estas coisas não envolvem atrair um homem, seus esforços serão inúteis.
Eu gosto de ser constantemente lembrada que é meu dever enquanto mulher saber limpar a casa com primor. Não por ser uma pessoa que eventualmente terá que fazer a limpeza, e sim por um dia ter que dividir esta casa com um homem e que ele cobrará de mim pisos limpos, louça bem lavada e lençóis cheirosos. Eu gosto quando minha mãe conta a história de "uma mulher prestes a se casar com um homem rico e que foi passar uns dias na casa da família deste homem. A mulher mal ajudou as outras mulheres com os afazeres da casa, e por isso o homem resolveu terminar o relacionamento". 
Eu gosto de ser constantemente lembrada que se eu resolver fazer sexo com vários homens, posso ser considerada uma vadia, e que meu valor como ser humano é diminuído por causa disso. Se eu decidir não fazer sexo, alguns desses homens poderão ficar absurdamente "inconformados" e até serem violentos comigo - fisica ou verbalmente. E se eu nunca fizer sexo com ninguém e nunca sentir desejo de fazer sexo, serei considerada uma frígida pudica. Não importa qual caminho eu deseje seguir, sempre haverá alguém que condene as minhas atitudes. 
Mas o que eu mais gosto é de ser constantemente lembrada que existe gente que pensa diferente e que luta para que as coisas não sejam mais assim. São esses os meus lembretes favoritos.


Top 10 - Leituras de 2012

written by Larissa Rainey at 12:45 3 comentários.
Essa é a prateleira de livros do meu quarto, em cima da minha cama. O resto dos livros estão no armário ao lado (bagunçado demais para ser exposto) e logo fico sem espaço pra eles hehehehe.

2012 está chegando ao fim, e com isso resolvi fazer algumas retrospectivas. E nesse post vou contar pra vocês os 10 livros que eu mais gostei de ler durante esse ano. Claro que eu só lembro dos livros que li porque mantenho a lista no listography, caso contrário eu teria sérias dificuldades. Minha memória não colabora tão fácil assim.
Enfim, vamos ao que interessa: livros!

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

#6 - Passado e pretensão

written by Larissa Rainey at 20:34 4 comentários.

Compreender os fatos da vida não é uma leitura muito fácil, e nem muito indicada para qualquer humor. Alguns capítulos são extremamente problemáticos, cansativos, com imagens borradas e fora de foco. Mas eu gosto de relembrar. Gosto de rir dos meus antigos problemas, de reviver as risadas, abraços e beijos. Minha sensação favorita é a de sentir completo orgulho por continuar superando, dia após dia, esse obstáculo exaustivo a que chamamos de existência.
Em 2012, li mais do que li em outros anos. Acho que finalmente estou consciente da magnitude que é a experiência da leitura. Também foi o ano em que a minha escrita evoluiu, estou mais confiante  e ao mesmo tempo mais exigente. Pessoas entraram e saíram da minha vida, e posso dizer que isso me trouxe uma paz enorme. Alguns laços se desfizeram, outros estão recém-feitos, outros mais fortes. Descobri que sou capaz de amar, e essa habilidade está me surpreendendo. Me livrei de hábitos ruins. Dos pensamentos, nem tanto - mas posso dizer que estou cada vez melhor. Estou um pouco mais certa do caminho que quero trilhar profissionalmente - apesar dele não estar funcionando muito. Aprendi a me proteger e a falar o que penso - mas veja bem, estou ainda em desenvolvimento nisso. É difícil conversar sobre meus sentimentos, por mais que eu esteja acostumada a escrever sobre eles. Também estou me construindo enquanto mulher, enquanto amante e aprendendo a ouvir os meus instintos mais primitivos. Na verdade, eu sei ouvir, domar é que é um problema. Claro, estou me tornando cada vez melhor em lidar com respostas negativas. Sou quase a rainha das decepções. E viajei, depois de tanto tempo. Foi uma viagem curta que me ajudou a espairecer, tanto na mente quanto no coração. Vi em carne e osso pessoas que são mais do que queridas na minha vida, cujas  palavras me aqueceram tanto. Ouvi muita música, conheci cantores e bandas que se tornaram a trilha sonora perfeita para um ano tão turbulento. Também presenciei o completo afastamento de uma pessoa que causou uma quantidade absurda de mal a mim e a minha família - uma das vitórias deste ano. Consegui ter a paciência necessária para deixar meu cabelo comprido. Eu me envolvi com a minha própria vida e a vivi intensamente esse ano. Finalmente fiz jus ao fogo que sempre esteve ao meu redor.
Eu amo o número 13, então espero muitas coisas boas. Quero colocar meus lados de lado e aprender a dirgir - um pouco mais de liberdade não machuca ninguém. Eu vou arranjar um emprego e fazer o meu melhor nele, para crescer e aprender. Vou ler ainda mais e deixar minha mente cada vez mais afiada. Quero entregar um trabalho de conclusão de curso extremamente bom e que me deixe orgulhosa. Quero viver cada vez mais leve e livremente, sem as amarras que tanto me prendem. Quero ser mais paciente, mais dócil comigo mesma. Quero terminar de escrever The Wandering Children, ou pelo menos terminar o manuscrito para poder editá-lo e poli-lo em paz. Quero continuar amando - se são amigos ou amantes, pouco importa. Quero que minha intuição e sabedoria me apontem sempre para a direção que eu devo estar. Quero cuidar melhor do meu corpo para que a minha mente funcione ao máximo. Quero abraçar o desconhecido. Quero que o meu sorriso esteja cada vez mais presente. Não quero temer a tristeza e os tempos difíceis - eles virão, e virão com força. Quero aprender a falar uma nova língua, ou várias outras. E, por fim, quero continuar imaginando.


(adaptado do meme  de "15 coisas que fiz/15 coisas
 que quero fazer" que a Celle e a Aline fizeram. :3
E gostaria de dizer que li e vi O Hobbit, resenhas algum dia.)




terça-feira, 25 de dezembro de 2012

#5 - Azul

written by Larissa Rainey at 18:39 1 comentários.
(essa é a sua trilha sonora para ler esse texto)

A agitação que começa quieta e paciente logo se torna apressada, como uma injeção de adrenalina que demora para fazer efeito. Como se cada veia tivesse sua própria melodia, e quanto mais rápido o coração bombeia o meu sangue, mais rápida a melodia se torna. Violinos fazendo seus solos impressionantes dentro de um só corpo. 
Em algum dia da minha existência, eu era perfeitamente comum. O tempo era uma progressão linear que corria sem andar para trás. Durante esses dias, eu apenas olhava para o céu imaginando estrelas em constante explosão - mas meus devaneios nunca duravam muito. Eu não tinha tempo para isso.
Mas em um dia, tudo mudou. A injeção de adrenalina que finalmente faz efeito. Simplesmente pegaram a minha mão e me disseram que eu deveria correr. Enquanto eu observava os olhos daquele que dava as ordens, eu  vi o inexplicável. Olhos que eram tão  velhos com um brilho completamente novo. Como se fosse uma criança a desvendar um mundo totalmente novo.E eu corri. A música do violino ficava mais rápida e antecipava um desfecho que eu jamais esperaria. 
Depois desse dia, eu nunca mais parei de correr. O tempo não significava nada. Para aqueles olhos, o tempo era seu brinquedo favorito. E  como explicar todas as coisas que se passaram? Se eu contasse, quem iria acreditar?
O universo é grandioso, meu caro. Grandioso demais para nós, humanos, entendermos a preciosidade dele. Eu vi a amizade ser mais forte do que a ambição, vi impérios inteiros virarem as contas à menção de um único nome, vi histórias de amor resistirem aos contorcionismos do espaço, vi mundos inteiros serem salvos. Passeei entre as estrelas, meu cabelo brilhando em meio à escuridão. Eu presenciei o inexplicável desenrolando-se na minha frente. E eu nunca parei de correr em direção ao único tom de azul que eu realmente amo.
Somos todos doentes, meu caro. Por isso, todos nós precisamos de um Doutor.


(só pra comemorar o episódio maravilhoso de hoje.)



segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

#4 - Fantasmas

written by Larissa Rainey at 18:07 0 comentários.
     circus team por ~Naimane

Acumulo fantasmas à medida que prossigo com a minha vida. Olho meu reflexo no espelho e sei que nunca estou sozinha. As olheiras que indicam longas noites com pouco sono, a pele pálida que não vê muito o sol, as bochechas mais preenchidas com quilos extras. Mas em algumas noites - aquelas que normalmente são acompanhadas de olhares úmidos, meus fantasmas tomam corpo e personalidade.
O primeiro deles - uma linda mulher de sotaque francês, senta-se na cadeira ao lado da minha cama. Toma um martini extrrremante seco, como ela diz, e me conta todos os seus segredos e sua vida nem tão maravilhosa assim. Já brigamos muito, eu e ela. Ela, quase sem rodeios e  timidez, conhece a minha ruindade e o meu egoísmo. Mas também conhece o meu amor, a minha esperança, e a minha criatividade que surge nos piores momentos. Ela é mais ausente, nesses últimos anos. Apenas passa para tomar um drinque e contar vantagem. Eu não ligo.
O segundo fantasma também é uma mulher, mas completamente diferente da anterior. Ela prefere deitar ao meu lado na cama, sussurrando baixinho letras de música. Costumo pensar que, se todas as músicas que eu amo se tornassem um ser humano, seriam ela. Eu gosto da maneira com que ela cantarola grandes solos de violino. Ela gosta do meu cabelo, e faz questão de mexer nele até que eu durma. 
O terceiro fantasma não é meu. Foi adquirido, em uma das vezes que me apaixonei. É um homem de olhos muito escuros e impenetráveis. Penso que ele não é um fantasma, e sim uma sombra. Mal se vê que ele entrou em meu quarto... só o vejo quando a chama do ódio inflama o meu corpo - e é o fogo que o ilumina. 
Sem os meus fantasmas, eu não sou ninguém. 

domingo, 23 de dezembro de 2012

#3 - Surpresas diárias

written by Larissa Rainey at 18:39 0 comentários.
Serendipity por nikki jane.

Ah - aí está você novamente. Com seus olhos passeando de um ponto a outro, o peito fazendo a coreografia da sua respiração. Eu peço, encarecidamente, que você esqueça o mundo ao seu redor e se concentre no que eu tenho a lhe dizer. Você não pode pegar na minha mão porque estamos muito longe, mas preste atenção em mim. Só tenho essas palavras no momento - confie nelas ou vá embora.
A cada momento, algo fantástico e surpreendente está acontecendo. Não necessariamente na sua vida, mas o universo é tão imenso... Maior que tudo. Você realmente acha que ele fica estagnado? Não. Essas surpresas não nos tocam, apesar de existirem. Enquanto estamos aqui - eu escrevendo, você lendo - algo incrível acontece. Algo incrível faz com que milhões de pessoas façam coisas extraordinárias. Seja estender a mão para alguém que precisa de ajuda, seja abraçar uma pessoa carente de amor, seja contar algo engraçado para fazer o outro rir. Em algum canto do planeta, alguns humanos provam que é possível sim ser importante e gentil. A vida não é perfeita, mas momentos bons são como diamantes que não podem ser comprados.
Qual foi a última vez que alguém disse algo que aqueceu o seu coração? Qual foi a última vez que você olhou as fotos que tirou com os seus amigos e pensou, "como eu amo essas pessoas"? Se faz tempo, que isso fique de lição de casa.
E nunca perca a esperança. Não seja uma daquelas pessoas que passam a vida inteira reclamando, resmungando, que não admitem receberem amor, que não sabem o significado  de um elogio verdadeiro. Também não se cerque de pessoas assim - elas são absolutamente insuportáveis e só servirão para te lembrar que a vida é ruim e pessoas são nojentas. Mas ninguém precisa de lembretes assim - basta olhar para o lado. 
Seja surpreendido diariamente. Construa pontes, e não castelos. A serendipicidade só beija aqueles que seguram sua mão.


sábado, 22 de dezembro de 2012

#2 - Páginas em branco

written by Larissa Rainey at 22:26 0 comentários.
Open book. por Carson Ting.

Escrever é respirar. Para mim, é impossível suportar uma existência inteira sem me expor a uma página em branco. A cada vez que a encaro, também encaro a completa escuridão. Mesmo que a luz esteja ao meu lado, iluminando a ponta dos meus dedos, sempre há a escuridão. Não existe pureza nenhuma em minha luz - esta é sempre esfumaçada com nuances mais escuras. Estou acostumada a essa gentil troca de energias que pertencem apenas a mim. Dos cantos do meu coração saem diversas tonalidades, todas minhas. 
Mas de vez em quando eu gostaria de ler palavras que não pertencem a mim, apenas para variar um pouco. Uma suave troca de sílabas e sinais de pontuação. Prefiro a gramática mais agressiva para atingir um clímax fictício.
Então escreva-me uma linha, talvez duas, talvez um parágrafo inteiro. Me dê um beijo de despedida entre as linhas do seu caderno. Conjugue-me da maneira que achar melhor. Troque meus tempos, use os pronomes errados. Sempre quis andar de mãos dadas com o imperativo. Escreva-me um romance inteiro sobre como você prefere o seu chá, ou escreva-me três palavras num  guardanapo sujo. E caso você se canse de  tinta e papel, escreva um poema na minha pele. Que a sua língua seja a tinta e, por favor, me faça rimar. 
Não me importo com o seu estilo - prosa, poesia, crônica, monografia, letras de música, filosofia de boteco, crítica literária, romance ou peça de teatro. Mas nunca deixe-me sozinha com as suas páginas em branco. Pois se você o fizer, sentirei o impulso pungente de te escrever, com as minhas palavras, nos meus termos. Serei obrigada a pintar um retrato seu com os pigmentos que a minha imaginação produz. Portanto, qualquer coisa que escreverei será apenas devaneio meio - e de devaneio em devaneio, queimei cadernos inteiros com as chamas que dançam dentro de mim.
A ti peço pouca coisa: escreva. Escreva sobre mim, escreva sobre você mesmo, escreva sobre ela ou ele. Mas preencha as suas páginas e me dê um pouco de descanso, por favor.

(adaptado do texto "blank pages")


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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

#1 - Atrasos

written by Larissa Rainey at 20:29 1 comentários.


Tão terrível quanto poderia ser, terrivelmente vil , terrível! Jamais pensei que me veria em tal situação, meu querido. Devo esquecer meus pés e meu cansaço se quero remendar este terrível acontecimento! 
A cada respiração, o relógio dá um tic, depois um tac; tic-tac, tic-tac. Meu coração faz tic, minha mente faz tac. Se fôssemos ponteiros ao invés de humanos - e que coisa maravilhosa seria - eu seria o ponteiro das horas, e tu o dos minutos. Sempre correndo,  nunca parando no mesmo lugar. Sou mais lenta, mais perdida. Espero os minutos correrem por mim. Sou terrível, amado. 
Mas de que adianta conversarmos? O tic-tac nunca pára, e eu estou aqui, irremediavelmente parada. Acredite em mim,  já tentei pegar carona com cometas e anjos, mas eles corriam tão rápido que mal me enxergavam. Coloquei meus pequenos pés para funcionar, e por mais que eles corram, continuo atrasada. Que terrível!
Pois quando finalmente consigo correr e mal enxergar o caminho, perco-me. A paisagem desfocada é desconhecida e inexplorada. Para explorar o desconhecido, deve-se parar e prosseguir com cautela. Parar! Designação de uma ação que eu detesto. Parar é terrivelmente necessário, pois a vida não é um país das Maravilhas e se bem me lembro, me chamo Larissa e não Alice. 
Parada estou. Parada tal qual boneca de porcelana. Absolutamente parada. Mal movo minhas pálpebras. Quando finalmente me integro ao ambiente, o ponteiro dos minutos toca-me sem cerimônia. Recomeçm os movimentos do tic-tac, a dança dos ponteiros que são diferentes mas completam-se a cada 60 minutos. Um segundo de amor absoluto, apenas um segundo. Segundo esse passa despercebido pela imensidão da vida... mas me machuca tal qual punhal envenenado em  minhas costas insignificantes. 
Estou terrivelmente atrasada, meu amado! Atrasada, absurdamente atrasada, para uma data muito importante! A vida clama por mim e não tenho mais tempo para acertar estes ponteiros. 

(peço desculpas por  não ter começado as 30 crônicas no dia 7.   
algum dia consigo ser uma escritora mais produtiva. 
e não se esqueça de curtir a página do blog no facebook
 e colocá-la na sua lista de interesses!
e bla bla bla bla.)


quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Acidentes Extraordinários pt.2

written by Larissa Rainey at 00:12 1 comentários.
Ainda não leu a primeira parte? Vem aqui.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Acidentes Extraordinários pt. 1

written by Larissa Rainey at 00:39 1 comentários.
por ~AikaXx
Eu trabalho de segunda a sexta, das oito da manhã até as oito da noite. O contrato diz que eu deveria sair às seis, mas nunca consigo sair antes das sete. Não sei bem ao certo o que faço, pra ser sincero. Meus dias são preenchidos com uma tela de computador suplicando por comandos meus. Digite isso, anexe aquilo, mande e-mails importantes, crie a próxima nova revolução, refaça tudo, salve, imprima, pesquise, colete dados essenciais, faça uma tabela  com esses dados, faça parte de reuniões infindáveis nas quais se discutem todo o seu trabalho, apenas para concluir que tudo o que foi feito não é o suficiente. Fazer tudo o mais rápido possível para fazer a próxima tarefa. Creio que um andróide executa suas tarefas com mais paixão e ardor do que eu.
Se sou alguém importante? Não. Tenho crises de riso apenas em pensar que alguém possa me achar importante. Não passo de um consumidor desesperado, uma boca a ser alimentada, um homem que precisa assegurar ao mundo de que ele é másculo, bem informado, culto e refinado. Toda a minha imagem é construída a partir da necessidade de dizer a todos que sou único. Preciso dos vinhos mais caros, dos queijos mais refinados, do aparato tecnológico mais moderno. Levanto a minha bandeira com orgulho no peito, sorriso no rosto e óculos escuros para esconder o vazio dos meus olhos. Mas não tem problema.  Sou desimportante, entretanto ocupado demais para exasperar-me com a minha condição. Meu Deus é o relógio e o Tempo é minha religião. 
Não percebo as pessoas ao meu redor. Caminho a passos rápidos, segurando minha maleta de couro. Imagino o que pensam de mim enquanto ando pela rua. Provavelmente também não me percebem - sou qualquer um com um terno. Não levanto a cabeça para observar um casal de namorados entretidos em suas carícias, nem para sentir pena da garota sem atrativos físicos que parece chorar ao escrever qualquer porcaria em seu caderno barato. Essas pessoas não significam nada para mim.
Entretanto, não sou de todo um ser antisocial. Tenho uma relação amigável com a minha familia, tenho alguns amigos casuais - para os quais eu me exibo e me escondo. Eu namoro uma garota. Talvez eu tenha dado a ela um anel, mas ele não passa de uma joia. Eu mal toco a pobre mulher. Mas sei que ela é bonita - é o que disseram para mim. Eu sei que ela curte sapatos e bolsas e faço questão de agradá-la com presentes. Mas não é que eu repare no que ela use, e sim porque sei quais marcas ela curte no Facebook. Dois cliques, descubro os novos lançamentos e pronto. É fácil ser um namorado parcialmente atensioso. Não sei dizer que a amo - não sei nem se a amo e não sei o que é o amor. Mas caso ela precise que eu declare esse sentimento, busco frases que outros poetas escreveram para suas amadas. Cruzo os dedos, esperando que ela aceite essas declarações copiadas. Ela aceita. Respiro fundo e sorrio, pois sei que fiz um bom trabalho. E se algum dia nada disso for o suficiente, seremos livres um do outro e fim de história. 
Estava lá eu, atravessando uma rua qualquer -  smartphone em mãos, respondendo algum email. Senti um peso enorme em cima do meu corpo, e caí no chão. Olhei para os lados e vi uma garota com cabelos da cor do arco-íris caída a meu lado. Levantei-me, procurei em minha roupa algum sinal de sujeira. Tudo estava limpo como deveria estar. Continuei  andando, até que a mesma garota berrou meu nome.
Ela era extremamente pálida, de olhos castanhos abertos e brilhantes. Alta e cheia de curvas, seu vestuário era todo preto e justo, salientando seu corpo. Mas seu real atrativo era justamente o cabelo longo, liso e brilhante, exibindo as sete cores do arco íris. Até aquele momento, jamais tinha visto aquela garota antes. Levantei uma  sobrancelha ao ouvir meu nome saindo de sua boca.
"Desculpe, não te conheço", eu disse.
"E você conhece alguém?", ela respondeu. Ela parecia extremamente furiosa - os pulsos fechados, a testa franzida. "Aposto que se seu coração parasse de bater, você não perceberia - como o grande imbecil que é."
Havia algo extremamente convidativo na voz dela - como se eu pudesse contar meus pensamentos mais secretos sem pensar duas vezes. E pela primeira vez, agi impulsivamente.
"Sim, eu sou um grande imbecil. Tão imbecil  que mal consigo me incomodar com a minha própria imbecilidade. E ninguém ao meu redor nota isso. Você foi a primeira."
"Eu sou a fada madrinha da sua imbecilidade. Mas me diga, como você vai resolver isso?"
"A fada madrinha aqui é você."
"Se eu resolver tudo para você e consertar cada estupidez que você já cometeu, o problema não sumiria. Apenas se acumularia. Não existem soluções rápidas - a vida não é como o seu emprego. Você não pode apenas coletar todos os dados que te incomodam, colocá-los numa tabela, analisá-los e simplesmente resolvê-los. A vida não é uma fórmula matemática, daquelas que você tanto ama."
"Não conheço outro jeito."
Ela colocou seus braços ao redor da minha cintura, e disse enquanto olhava nos meus olhos:
"Olá, eu sou o outro jeito. E você vai me conhecer. Como vai conhecer outros jeitos. É apenas uma questão de caminhar, meu caro."
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Tá, eu comecei esse texto faz tempo mas não cheguei a terminar. Vou postar o resto amanhã, e como o texto ficou mais um conto do que uma crônica, começarei o meu ~Intensivo de 30 crônicas~ dia 07/12. O que é esse intensivo? 30 crônicas, uma por dia. E é VOCÊ, leitor, que vai me ajudar a escolher os assuntos :) Quer enviar sua sugestão? Manda um alô no meu twitter ou no Facebook do blog. Se forem sugestões que me tirem da minha zona de conforto, vou te amar ainda mais. Aliás, estou fazendo isso justamente pra escrever sobre coisas que não sejam filmes, livros, música, meu livro ou a minha vida. Então ajudem a coleguinha aqui ;)
E vale destacar que se você gosta do blog e do que eu escrevo, ajudar a compartilhar o Inside the Secret Window sempre é bom. Se você tem coragem de compartilhar a Gina Indelicada, tenha coragem de compartilhar a Janelinha também, bjs no seu coração.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Tédio Existencial

written by Larissa Rainey at 00:54 0 comentários.
por ~Nutthead
Você tem aquele mínimo de autoconhecimento. Não é mais uma adolescente que não desconhece a própria personalidade. Tem certeza do que você quer, a longo prazo - mas nem tão longo assim, você é jovem demais para isso. Cometeu alguns erros, se odiou, quis se jogar da ponte mais próxima. Já teve alguns acertos, por mais impopulares que eles sejam. Você sabe quais os tipos de pessoas que te interessam, quais os tipos que te enojam, e quais os tipos que você adoraria dar uma olhada mais de perto. Já se apegou a pessoas, já se desapegou. Talvez você conheça a diferença entre o amor sentimental e o físico - num deles você tem sorte, no outro não. Você se detesta um pouco por ter construído uma fortaleza  ao redor de si mesma, mesmo querendo tanto que outros povoem  esta terra deserta.
Você já percebeu que a vida passa rápido demais, e anda quase nada. Há alguma paciência e meiguice sendo instalados no seu sistema - finalmente. Passou tempo demais ficando excessivamente calada ou excessivamente histérica. Aprender a combinar os dois seria o ideal. 
Você já aprendeu que ninguém pode te salvar, que príncipes encantados são um lixo e princesas, no final do dia, tem todos os defeitos que uma mera mortal tem. Algumas das suas ilusões foram substituídas por outras, que parecem  mais realistas e sinceras. Mas são o que são: ilusões. Não passam de mentiras, de pequenos filmes que seu cérebro insiste em criar quando seus olhos se fecham. E quando o filme "Memória.avi" começa a rodar, tudo são flores e fantasias e sensações que vão além da realidade. Entretanto, no mesmo momento que os créditos começam a passar na tela, um gosto amargo e pútrido invade a sua boca. Talvez rodar o filme novamente seja perigoso demais - mas ei, todos gostamos de um pouco de perigo.
Você está no purgatório. Coisas já aconteceram e coisas acontecerão. No momento, nada acontece. Só nos resta esperar.



terça-feira, 20 de novembro de 2012

Top 10 - Motivos para você ler As Crônicas de Gelo e Fogo

written by Larissa Rainey at 21:00 1 comentários.
créditos da foto: variedreflections

Comecei a ler os livros pra valer em fevereiro/março desse ano, não lembro exatamente quando.  O engraçado é que eu vi a primeira temporada, e então decidi partir pra leitura. E foi lendo que eu me apaixonei completamente pela série e me fez  fã HAHAHA mesmo com as quinhentas mudanças que a HBO fez. Como o próximo livro só sai em 2014 (e nesse momento eu choro) você vai ter tempo até demais pra ler tudo. 
Brace yourselves, winter is coming. (e alguns spoilers, mas nada que vá afetar demais sua leitura!)

domingo, 18 de novembro de 2012

Ruby Sparks

written by Larissa Rainey at 22:35 0 comentários.
Se eu tivesse visto esse filme antes de fazer o Top 10, ele definitivamente estaria na lista.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Rasputina

written by Larissa Rainey at 15:46 1 comentários.
Post dedicado ao Pedro, que tem uma arte fantástica e sempre me pediu pra escrever sobre Rasputina!

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Top 10 - Romance sim, idiotice jamais

written by Larissa Rainey at 15:10 2 comentários.
Seguinte: eu não sou o tipo de pessoa que curte filmes românticos. São, normalmente, os últimos filmes que eu escolho assistir. Não adianta, não me identifico com a maioria deles, acho que são todos clichês, enfim. Mas existem alguns que são realmente bons, bem construídos e que não subestimam a inteligência emocional do espectador. Esse é o tema do top 10 de hoje: filmes que são românticos -  mas não são nem um pouco idiotas e fogem dos clichês. Tentei escolher obras que não são mencionadas sempre, não necessariamente pertencendo ao gênero "Romance" - porém, possuem relacionamentos românticos bem fortes.

É... melhor pegar um lencinho.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Joe Hill - O Pacto

written by Larissa Rainey at 13:31 0 comentários.
"Agora, vejo Deus como um escritor de livros populares sem imaginação, alguém que constrói histórias de enredos sádicos e sem graça, narrativas que só existem para expressar Seu horror pelo poder que as mulheres têm de escolher a quem amar e como, de redefinir o amor como acham melhor, não como Deus acha que deve ser. (...) O Diabo é acima de tudo um crítico literário,  que atira esse impostor sem talento à retaliação pública  que Ele merece." pg. 192

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Um pouco de tudo, um pouco de nada.

written by Larissa Rainey at 16:55 2 comentários.
Vou começar o post com um meme que a Celle me passou. Olá mundo, conheça a minha letra com sérios problemas de espaçamento. Eu deveria repassar pra alguém, mas vou quebrar a corrente.



A partir daqui, um desabafo sobre vida de universitário.

sábado, 3 de novembro de 2012

Through Waves - Santuário

written by Larissa Rainey at 13:44 0 comentários.

Estou levemente atrasada para esse review, mas eu queria escutar o cd novo com muita calma e tempo livre para digerir - coisa que aluna em final de semestre não tem. 
Não é o primeiro post sobre Through Waves que eu faço, vira e mexe estou mencionando esse projeto no blog. E não faço isso porque sou amiga do Raine, e sim porque eu realmente acredito no potencial desse projeto. Sempre vejo pessoas reclamando que música brasileira não presta, que é uma merda, são apenas peitos e bundas e putaria... Ótimo! Não gosta de nada disso?  Dê uma chance aos músicos brasileiros independentes - como o Raine -  que colocam a alma em sua música e dão o seu melhor. Pare de reclamar e seja parte da solução. Mesmo que você acabe não gostando, ou que TW não seja o seu tipo de música, existem milhares de outras pessoas fazendo coisas muito boas, prontos para receber amor. 
Tá, sermãozinho  à parte, vamos à review. Quando o Raine publicou no blog dele, há uns meses atrás que o cd novo não teria letras, eu fiquei levemente preocupada. Eu particularmente amo a escrita dele, e acho que as letras de Through Waves são muito boas e imagéticas. Além do que, letras boas são parte do encanto de qualquer música pra mim.  Escuto música instrumental, mas sempre dei preferência para músicas com letra. E Santuário não tem letra. Pensei comigo: "E agora?" Por isso que eu resolvi escutar  Santuário com calma e tempo livre pra analisar tudo e não fazer aquela review de "herp derp o cd é muito bom comprem ae". Eu queria escutar e analisar essa nova fase do Through Waves. E entender, porque afinal de contas o amigo é meu e é sempre bom entender os amiguinhos e a arte que eles produzem. 
Mas taí a graça do álbum. Santuário não precisa de letra nenhuma pra se explicar. A música é poderosa e não pede desculpas por ser o que é: orgânica, simples e complexa ao mesmo tempo. É o tipo de música para fechar os olhos e não pensar em absolutamente nada. Simplesmente deixe-se levar e imaginar o que você quiser. Os vocais - que são mais sílabas desconexas que se encaixam perfeitamente com a melodia - ajudam a te guiar, mas você caminha para onde quiser. Enquanto Deconstruct the Debris e Sail, Schooner (os outros álbuns) eram presos à forma, Santuário é o oposto. É um álbum livre, cheio de detalhes que não pesam nos ouvidos. Muito bem executado e muito bem gravado - nem dá pra imaginar que o processo todo é feito por uma só pessoa. 
Não sei vocês, mas eu estou cheia de orgulho.

As minhas favoritas são:



Links Úteis:

E por último, FOTO QUEIMA FILME. (Foto que queima mais o meu filme do que outra coisa, mas né.)






segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Musique #05

written by Larissa Rainey at 17:19 1 comentários.

Faz tempo que não rola uma playlist por aqui!

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Printemps

written by Larissa Rainey at 19:52 1 comentários.
In the Roses, by thefantasim

Meu corpo está trocando de estação. 
A neve derrete sob o telhado, encharcando cada canto meu. O sol se recusa a sair. Ele está cheio de receios e inseguranças, completamente ciente de que não estou pronta para receber seu calor. E realmente não estou. Não tenho vergonha de admitir minha inexperiência - perdi meu orgulho numa nevasca qualquer. 
Ainda estou à espera dos ventos gélidos que se tornaram parte do meu cotidiano. Fito a lareira com olhos desesperados, pois ela não me esquenta mais. O fogo se tornou longínquo e inacessível, e isso me enraivece. Meu arsenal não tem mais uso, é antiquado. Ele não serve para a estação que se aproxima.
O mundo exige a primavera que escondo dentro de mim. As contradições e culpas multiplicam-se e dominam cada pensamento meu. O que era tão certo caiu, foi embora, derreteu-se com a neve. 
Eu faço meu próprio movimento... então minhas mãos irão varrer a neve para fora de mim, até que tudo esteja limpo e seco. Isso deve ser feito com delicadamente, para que eu não jogue meu amor próprio fora. Preciso virar as costas e não olhar a paisagem que estou deixando para trás. Experimentar o passado não alimenta a alma. Eu preciso assassinar meu antigo ego para solidificar a apreciação do meu ser. É necessário que eu me queime por inteira para renascer das cinzas, cada vez mais brilhante e quente. Devo enterrar o que não me serve mais, para que da terra nasçam os mais deliciosos frutos, envoltos em lindas flores. 
O inverno é mais um amante que recusei... meus beijos apaixonados agora pertencem à Primavera. 

domingo, 23 de setembro de 2012

O manifesto de um escritor

written by Larissa Rainey at 17:40 0 comentários.
Typewriter, por toastytreat87

Eu sou a prostituta cheia de confiança do seu bairro. Eu sou o seu estudante de boca fechada. Eu sou cada adolescente cheio de angústia, cada mãe com o coração dolorido, cada garoto com um baixo. E eu sou um escritor.
Eu conheço a força da caneta e o impacto das palavras digitais. Eu te contarei sobre o abandono que eu nunca vivi, do amor que nunca perdi, e do toque que nunca senti. Eu conheço a sensação da inspiração que vem à meia-noite, de engolir ideias inatas, de adotar uma linguagem de palavras que nunca foram ditas. Eu sou cada criança doente que você tirou sarro, cada garoto que você traiu, cada adolescente corajoso o suficiente para pegar numa caneta, cada pessoa que teve culhões para fazer a diferença no papel. Eu sou o que você gostaria de ser num lugar que você queria. Eu estou vivo no brilho avermelhado de uma lâmpada, eu respiro as ideias rabiscadas nas páginas em branco de um diário. Eu conheço a inveja do talento que passa na minha frente e a raiva da musa perdida, e eu uso tudo o que você joga no lixo como minha tinta.
Eu sou cada música que você odeia e cada livro que você ama, cada garota que você gostaria de ter beijado e cada informação que você ignorou. Sou a sua aberração, o seu sexo, sua cultura de luzes elétricas; sou aquele que vai em raves, que faz parte da cena e sou seu esmalte que brilha na luz negra. Permito que eu seja rudimentar e que me falte lapidação para que você não tenha que ser assim. Sou a sua trepada barata, sua inocência perdida devido à curiosidade dos seus hormônios. Eu sou cada ideia que você teve mas não seguiu, cada centímetro que  você deixa sua mão tocar aquele lugarzinho sujo que sua mãe lhe advertiu sobre. Eu darei um som musical aos seus ouvidos ensurdecidos e darei aos cones de seus olhos as cores que estão faltando.
Sou o seu romance por sms, a sensação formada no útero, a batida da vida despercebida. Sou a sua vingança de tinta nregra, seus dedos loucos por atenção, suas células que vivem e respiram e desejam o estímulo do contato humano. Sou seu companheiro de batalha, aquele que atira em escolas e é manchete do noticiário, a pergunta que fica martelando na sua cabeça e a sua resposta ranzinza.
Eu sou cada preconceito na sua cabeça, cada cantor de um hit só. Sou o seu superior, seu inferior, seu "posso", seu "não posso"; tudo o que você  gostaria de ser e tudo o que você tem. Sou seu amante, seu mentiroso, sua beleza, seu desejo suicida, seu ego de 10 volts, sua necessidade pulsante. Eu sou cada livreto religioso, cada socialista utópico, cada suspiro profundo, o tom do seus passos, a excitação do seu choro e a linda maravilha da sua dor. Eu sou cada droga inalada e injetada que você respira. Sou os seus sentidos cortados, sou o "olá, ignorância" e o "adeus, coisas bonitas". Sou sua análise da mídia, seu não-conformista superficial.  Sou lixo com sabor de lixo,  a vida de lazer. Eu sou um e sou todos, eu dou e recebo.
Sou o Deus do meu mundo. Sou sua meia-irmã e o irmão do seu melhor amigo. Sou caneta e papel. Sou o vômito de ideias. Sou as luzes vermelhas e a liberdade roxa. Sou o êxtase. Sou a libertação. Sou um escritor.

Traduzido do original escrito por AGoddessFinch, no DeviantArt.
Espero que esse texto te inspire, e me inspire também - porque a coisa tá difícil.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Kissed by Fire - Tori Amos

written by Larissa Rainey at 22:27 1 comentários.
Um blog como o Inside the Secret Window precisa de sua própria coluna sobre ruivos e ruivas, certo? E ninguém melhor do que a Tori Amos pra começar essa nova seção!❤

terça-feira, 18 de setembro de 2012

O infinito estelar

written by Larissa Rainey at 21:46 0 comentários.

Sinto-me como se estivesse empoeirada. Mas não poeira qualquer, que se acumula quando estamos parados. A poeira das estrelas está impregnada em meus cabelos, em meus dedos, em meus pés, em meu sorriso. Mal me movo - e a poeira cai em tudo o que toco. Para os apressados, é apenas sujeira. Mas existem aqueles que percebem esse brilho tão tímido - e tenho esperanças de que eles brilhem junto comigo.
Quando me deito e fecho meus olhos cansados, estendo meu corpo num tapete de estrelas. Existem tantas coisas  para serem observadas, e questionadas, e amadas... cada estrela me ensina algo diferente, seja mundano ou extraordinário. Brinco com elas, conto a elas sobre o meu dia, sobre as pessoas novas que conheci, sobre as palavras novas que aprendi. Eu e as estrelas trocamos segredos pequeninos e simples - só nossos. De mais ninguém.
Aprendi com as estrelas que nem sempre todos querem compartilhar seu brilho. Nem todos vão enxergar o brilho da sua poeira. Vão pegar uma vassoura qualquer e varrer para bem longe... varrerão, varrerão, até que tudo fique impecavelmente limpo e fosco. Não quero pessoas limpas. Quero os brilhantes empoeirados, quero a mistura entre os cintilantes e minúsculos pedacinhos que deixamos pelo mundo.
Mas nada disso importa. Sou infinita em mim mesma e moldo a minha plenitude como origami - ninguém me diz o que sou, como sou, não me delimito mais. Eu completo os meus vazios, recorto meus pedaços. Eu limpo com precisão magnífica as minhas sujeiras, e  quando está limpo demais eu sujo tal como criança irrequieta. Eu sou a mão que me empurra para o precipício e sou a rede que me segura enquanto caio. Não preciso que me movam; crio meu próprio movimento e minha própria gravidade. Eu sou o meu Big Bang, e sou o meu fim do mundo.
O dia mais bonito da minha vida foi o dia que a escuridão se explodiu - todas as estrelas se revelaram para mim, e me revelei estrela também.


sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Amanda Palmer & The Grand Theft Orchestra - Theatre is Evil

written by Larissa Rainey at 17:53 0 comentários.
Antes de ler a review, baixe o novo álbum da Amanda grátis aqui e depois pague o quanto você quiser, se quiser, quando quiser!

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Novas fotos do Especial de Natal de Doctor Who!

written by Larissa Rainey at 11:23 1 comentários.
Se você quer ser surpreendido durante o Especial... não leia esse post.

domingo, 19 de agosto de 2012

Inspire-se: A arte sonhadora de Dan May

written by Larissa Rainey at 19:33 0 comentários.
Ripple, 2011

Essa  é a mais nova coluna do blog - com ilustrações, fotos, e o que mais der na telha e que seja inspirador e diferente. E pra estreá-la, escolhi o artista norte-americano Dan May. 

domingo, 12 de agosto de 2012

Sonhos que se perdem e voltam

written by Larissa Rainey at 23:25 0 comentários.
Mapa tosquinho desenhado hoje.

Eu comecei a fazer uma edição do Musique, com músicas que me inspiram. Mas não deu. Minha cabeça está cheia de mil coisas e eu preciso escrever sobre elas, para clarear a cabeça. Uma parte de mim diz que eu não deveria postar isso... outra diz que eu preciso de conforto alheio. Enfim, sinta-se livre para julgar a minha cabeça neste momento.

Poderia dizer que eu tenho um sonho, mas até aí todo mundo tem. Mas  o sonho dos outros não importa muito neste momento. O meu sonho é poder dizer que sou escritora. Não apenas escrever coisas aleatórias em um blog, mas sim escrever livros. Eu quero encantar as pessoas com as minhas palavras, com os meus personagens. Quero gente me xingando porque matei o personagem favorito delas, quero pessoas chorando com as cenas que eu escrevo. Ter o poder de evocar sensações nos leitores é o único poder que eu quero em minhas mãos.

Mas nem tudo é fácil. Quantos mil contos eu comecei e nunca terminei? Quantos mil personagens foram ignorados? Marine Carsoux, Victoria Flaherty, Amelia Thompson, Mishkin, são algumas das pessoas que habitaram a minha cabeça por um tempo, desesperadas para contarem suas histórias para mim... mas foram embora, porque me esqueci delas. Não conseguia continuar, seja por falta de tempo, inspiração, vontade ou até medo dos pesadelos que elas me traziam.

Katharine Cassidy, Victoria e Tristan são diferentes. Uma história que deveria ser curta e com foco psicológico se tornou material o suficiente para virar livro. E talvez com um pouco de confiança, ambição e amor por eles eu decidi que escreveria a história deles. A ponto de eu me animar com cada palavra boa de quem leu os rascunhos, a ponto de eu estar louca para continuar a escrever porque o que a minha mente anda criando me orgulha. Realmente, eu tenho orgulho do que está nos meus cadernos, nas folhas de almaço usadas, no pdf de 25 páginas. Tenho orgulho das anotações, do roteiro que cada vez mais toma forma, do mapinha tosco que desenhei para ter alguma noção da rota das minhas crianças. Sim, minhas crianças... parece coisa de gente maluca, mas cada vez mais eu os sinto perto de mim. Tomando conta de mim. Protegendo algo precioso que nem eu consigo proteger. É, realmente... uma maluquice completa.

Hoje, durante um ímpeto de raiva por motivos que não convém serem citados, rasguei três páginas de um novo capítulo do livro. Tudo bem que quando eu fosse passá-lo para o computador, iria mudar totalmente o conteúdo - então não perdi nada. Mas depois que a raiva passou, senti luto por aquelas folhas dilaceradas. Eu pensei seriamente em desistir, em abandonar o que tinha criado com tanto trabalho simplesmente por não ter espaço para escrever. Pelo fato de ficar na frente do computador ou com caderno em mãos, incomodo certas pessoas. 

Mas calma... não sou eu a que mais fala para fazermos o que queremos e dane-se os outros? Onde ficou essa atitude durante o dia de hoje? Abandonar as minhas crianças é abandonar o meu sonho, o meu objetivo, a minha tentativa de me sentir maior que mim mesma. É uma necessidade física terminar esse livro, contar a história dessas crianças. Eu preciso disso, caso contrário vou me perder de vez. Não por fama nem dinheiro. Eu quero terminar algo. Eu necessito dessa satisfação. Para eu poder dizer a mim mesma que fiz algo com amor incondicional, pelo menos uma vez na vida.

Se o livro vai ficar bom? Não sei. Se eu escrevo bem? Também não sei, e até aí opiniões são coisas subjetivas demais. 

Pelo menos eu vou continuar tentando.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Lorissando: Nerds... nerds por todos os lados!

written by Larissa Rainey at 22:55 0 comentários.

Hoje na TV Cultura, o programa "Deu Paula na TV" foi ao ar com uma matéria sobre a GallifreyCon 2012. Pros desavisados, a GallifreyCon foi o primeiro evento brasileiro oficial de Doctor Who, feito pelos fãs para os fãs. Eu tenho orgulho de dizer que participei disso e fiz parte do staff (e fiz cosplay involuntário). Foi uma experiência muito divertida, e eu iria postar sobre no blog mas... não postei.  Hehe. Péssima blogueira é péssima. Enfim, assista à matéria antes de conversarmos mais sobre o que realmente interessa: 

meu cabelo de figurante

sábado, 28 de julho de 2012

Tão Forte e Tão Perto

written by Larissa Rainey at 21:21 0 comentários.
Não se deixe afetar pelo Tom Hanks ali. Sério.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

"Sou mais eu"... Será?

written by Larissa Rainey at 19:08 4 comentários.
Cliquem na foto, não reparem nas minhas unhas e leiam as chamadas para as matérias.

Pois bem, lá estava eu e minha mãe na fila do caixa do supermercado quando parei para observar as revistas. E essa revista em particular me chamou a atenção, talvez pela quantidade de matérias absurdas que ela proporciona. Comentei com a minha mãe o quanto me chateava que a maioria das revistas direcionadas ao público feminino voltava-se a dicas para emagrecer, novelas e sexo. Ela, sempre fofa, disse que eu não gostava porque eu "não era vaidosa". Respondi que ver um belo editorial de moda, bem feito e bem fotografado me interessava muito mais do que dicas absurdas para emagrecer, como se a felicidade só pudesse ser possível com mil quilos a menos. E então, ela me disse algo que me fez refletir. Algo bem óbvio, até. "Existem vários tipos de revista, você lê o que você quer". Ela está certa, afinal de contas eu seleciono o que eu leio. Ao invés de escolher essa revista, preferi comprar a Veja  - não porque eu gosto dela, e sim porque a Veja de São Paulo fez uma matéria sobre cursos de dança em São Paulo e como eu pretendo me matricular em um, me interessava.

Muito bem, cada um lê o que lhe interessa, nada mais justo. Mas ainda sim, me preocupa o tipo de mensagem que revistas assim divulgam. Me preocupa o fato de existir uma boa parte da população que acredita nessas mensagens o suficiente para continuarem comprando esse tipo de conteúdo. Me preocupa o fato de que a mulher que está na capa é ressaltada por ter perdido 50 kg, e não a mulher que consegue ganhar 5 mil por mês como cabelereira, mulher essa que teve um pingo de tino para os negócios e conseguiu sair de uma situação financeira complicada. Ela ganha apenas uma minúscula foto no meio da matéria.


E não, eu não considero dinheiro a coisa mais importante. Se sentir bem consigo mesma e deixar de lado hábitos ruins para a saúde também é importantíssimo. As duas mulheres são bem sucedidas, se pensarmos nisso. Mas a que emagreceu e ficou  "mais bonita" é a que ganha destaque - destaque esse que a matéria que ela mandou para a revista contando como ela perdeu os 50 kg valeu 1.000 reais, enquanto a das cabelereiras valeu 300 reais.

Fora as mil matérias sobre "como ficar igual a fulaninha da novela". Use a maquiagem não para se expressar, para realçar o rosto e se sentir bem: use pra brilhar igual as protagonistas da novela. Uma matéria que me deu vontade de rir foi a que ensina a usar a alça do sutiã aparecendo igual a Débora, de Avenida Brasil sem parecer vulgar. Mas peraí, sutiã aparecendo não era ridículo e vulgar de qualquer jeito? Então só porque faz parte da caracterização de uma personagem passa a ser considerado legal e passível de imitação? E mais uma coisa: uma mulher realmente precisa que ensinem a ela como usar uma roupa mostrando a alça do sutiã?? Não é uma coisa meio óbvia? Se não for, iluminem minha cabeça.

Uma matéria que é realmente interessante e que não tem chamada nenhuma na capa é a de uma mulher que nasceu sem útero nem canal vaginal por causa de uma síndrome rara, a Síndrome de Rokitansky. Por ser uma situação que muito dificilmente se vê, saber disso e saber como reverter é o tipo de coisa pertinente sobre a saúde feminina. Além disso, existem várias outras portadoras dessa síndrome que fazem parte de uma comunidade virtual e elas se apoiam. 

E a matéria com dicas sexuais simplesmente me presenteou com a pérola: "Estava tocando Eguinha Pocotó, e eu me senti a própria". Minha reação foi essa:



Mas agora é o momento no qual eu pergunto a você, leitor/a: esse tipo de conteúdo é realmente nocivo para a sociedade em geral, ou é inofensivo e eu que tô exagerando e deveria ir caçar o que fazer? Afinal de contas, se as pessoas compram revistas como essas, é porque o conteúdo é relevante de certa maneira. Entretanto, cultivar esse tipo de interesses pode impedir que a sociedade evolua? Por que a mulher empreendedora tem menos espaço que a mulher que celebra seu corpo e sua autoestima? Veja bem, não quero atacar a mulher que celebra seu corpo - pelo contrário. Se todo mundo fosse mais satisfeito com seu corpo e não tivesse vergonha dele, as coisas seriam mais bem resolvidas - e me coloco nessa categoria. Mas por que as duas mulheres não podem ficar no mesmo patamar? Não somos todas mulheres? Por que as revistas focadas no público feminino selecionam sempre os mesmos conteúdos? Pergunto isso não por acreditar que sou um floquinho de neve especial, e sim porque acredito que as mulheres em geral são muito mais complexas do que isso. Por que ao selecionar conteúdo específico para um gênero, são sempre os mesmos conteúdos?

Termino o post com um apelo: se alguém conhece uma revista feminina que tenha conteúdo diferenciado, favor mandar nos comentários ou falar comigo no twitter. Preciso de uma leve esperança no mundo.

E ah, um PS: falo especificamente sobre as mulheres porque... er... claramente eu sou uma mulher. Mas aceito a opinião dos homens sobre isso. 

quarta-feira, 25 de julho de 2012

25 de julho, dia do Escritor.

written by Larissa Rainey at 19:54 0 comentários.
No dia 25 de julho de 1960, após a realização do primeiro Festival do Escritor Brasileiro, promovido pela União Brasileira de Escritores – tendo João Peregrino Júnior na presidência, e Jorge Amado, como vice-presidente - foi criado o Dia do Escritor. (fonte)


Eu me lembro vagamente de quando comecei a ler. Eu nem tinha feito 5 anos ainda, e tinha acabado de entrar na escola. Mas lembro de uma coisa engraçada - quando minha professora chamou minha mãe para dizer a ela que eu tinha aprendido a ler sozinha, sem qualquer ajuda dela, minha mãe achou que era memória fotográfica. Desde pequena eu observava os outdoors nas ruas e fazia a conexão entre outdoor/marca.
Também me lembro do primeiro livro que ganhei. Chama-se "Bruma", e conta a história de uma estrelinha que viaja pela Via Láctea fazendo compras, para se bronzear; cansara de ser prateada. Eu li tantas vezes esse livro que ele começou a se despedaçar, como a criança fina e cuidadosa que eu sempre fui.
Não entendo até hoje porque me interessei pela leitura desde cedo. Quando eu era pequena, eu era extrovertida e cheia de amigos -  e nenhum deles lia. Todos odiavam ler. Mas eu não, meu quarto era cheio de livros e gibis da Turma da Mônica. Quanto mais eu lia, mais eu queria ler. Em 1999, creio eu, eu comecei a ler Harry Potter - um dos meus primeiros livros que usava palavras "grandes". Acho que com Harry Potter eu realmente tomei mais gosto ainda pela leitura, mesmo tendo que olhar no dicionário certas palavras (não finja que você sabia com 7 anos o significado de "demasiado" sem antes olhar no dicionário) e não sabendo pronunciar corretamente a maioria dos nomes dos personagens (Dumbledore mandou beijo).
Sabe aquela história clichê de "os livros formaram o que eu sou hoje"? Então. Se eu nunca tivesse gostado de ler, minha vida teria sido bem diferente.  Talvez eu não conseguiria imaginar e sonhar e questionar o que acontece à minha volta. Ou até conseguiria, mas não com a força que eu tenho hoje.
Não li metade do que gostaria de ter lido, isso é fato. Existem mil autores cujas obras me interessam e por vários motivos ainda não li, mas um dia eu chego lá. Mas hoje, especialmente hoje, gostaria de deixar aqui registrado meus agradecimentos a todos aqueles  que criaram mundos fantásticos ou retrataram a vida como ela é; aqueles que moldam as palavras para criar algo maravilhoso que durará para sempre.

Muito obrigadaSir William Shakespeare, J.K Rowling, T.H White, Lewis Carroll, , Machado de Assis, Douglas Adams, Alexandre Soares Silva, Bram Stoker, Stieg Larsson, Mário Prata, Neil Gaiman, Jack Kerouac, Virginia goddess Woolf, Emily Brontë, Agatha Christie, Gustave Flaubert, Álvares de Azevedo, D.H. Lawrence, Suzanne Collins, Hunter S. Thompson,   Friedrich Nietzsche, Charles Dickens, Marion Zimmer Bradley, Stephen King, Jane Austen,  Sidney Sheldon,  Woody Allen, Dostoiévski, Vladimir Nabokov, Voltaire,  Geoffrey Chaucer, Sir Arthur Conan Doyle, C.S Lewis, Sylvia Plath,  George liferuiner filho da puta R. R  Martin e muitos outros cujo nome eu esqueci ou cujas obras ainda não li.

E já que estamos falando sobre escritores e livros, convido você a ler os rascunhos do livro que eu estou escrevendo: The Wandering Children. Tenho falado sobre ele por um bom tempo no twitter, e o tumblr estava protegido com senha para alguns beta readers lerem, mas aí eu pensei: "hm.... why not?".  Sintam-se livres para mandarem uma mensagem por lá, ou mandarem alguma foto relacionada.  Ainda não coloquei a sinopse, mas acreditem no que eu digo: a porra vai ficar séria. E ah, estou escrevendo em inglês porque eu simplesmente não consegui escrever em inglês, mas pretendo traduzir assim que eu terminar tudo.

Feliz dia do Escritor pra vocês.  

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Marina & The Diamonds - Electra Heart

written by Larissa Rainey at 18:55 2 comentários.
Tudo bem que o álbum foi lançado no final de abril e estou escrevendo sobre ele no final de julho, mas um blog atualizado é mainstream demais... E atenção: esse post é enorme.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Corsets e ambição

written by Larissa Rainey at 15:59 0 comentários.

Homens e  mulheres entrelaçados como fios de lã de um novelo particularmente embaraçado... A ambição toca sua interminável música, ensurdecendo os ouvidos vaidosos de quem a escuta atentamente, com coração vulnerável e olhos vazios. Sapatos brilhantes e tecidos luxuosos, argumentos impecáveis e palavras realmente grandes, embelezando o significado máximo da ganância. 
Todos querem poder. Poder de gastar o que quiser, ter o que desejar, amar escondido, mandar no outro, destruir vilas inteiras para construírem espaços de lazer sob medida. O dinheiro há muito deixou de ser um pedaço de papel que os alimentam. Este foi imbutido de uma nova importância, tornou-se vício, jamais virtude. Homens trocam suas amantes por notas  de cem; beijam-nas, sussurram poemas de amor verdadeiro a elas, se sujam de mil cores proibidas para conseguir tocá-las por mais tempo. 
Eu quero dinheiro. Seria uma mentirosa negando-o. Também quero beijar notas de cem, pois elas me comprariam os corsets mais belos para apertarem a minha silhueta; as meias finas mais bonitas e diferentes; os sapatos mais altos e personalizados; as viagem  mais exóticas e maravilhosas que eu jamais imaginei. Com milhões de notas de cem, eu teria uma biblioteca fantástica, com milhões de livros que me acompanhassem dia e noite; meus companheiros incansáveis. Com milhões de notas de cem, eu faria com que os meus humanos favoritos me notassem e me amassem com energia inesgotável. 
Mas não me interesso pelo jogo de ambição que as pessoas pretendem que eu jogue. Relações mecanizadas são a maior forma de perder tempo, e já que decidi viver também decidi que meu tempo é precioso demais para isto. Prefiro ter poucas notas de cem, nenhum corset, meias baratas, sapatos comuns, viagens casuais, pegar livros emprestados da biblioteca pública e ser eternamente solitária do que deixar que alguns homens poderosos se aproveitem da minha ambição.
Que minha ambição seja medida em caracteres, livros, frases e personagens, não em esquemas e trapaças. Que o meu dinheiro venha do meu próprio esforço, e de nenhum outro lugar. Que minha corrupção seja medida em lençóis, não em tribunais.

 

Larissa Rainey Copyright © 2012 Design by Antonia Sundrani Vinte e poucos