oh mon amour, mon âme soeur
je compte les jours je compte les heures
je voudrais te dessiner dans un désert
le désert de mon coeur
je compte les jours je compte les heures
je voudrais te dessiner dans un désert
le désert de mon coeur
good morning guys, how are you? "você é a teacher mais legal que eu já tive, não sei como você consegue, o seu trabalho é muito bom, finalmente alguém sabe outro escritor cultista sem ser o padre antonio, eu morro de rir com você" i'm not ok.
eu devo ser a pior professora do mundo,
eu não consigo.
eu não sei trabalhar, eu sou muito atrapalhada
eu não sou inteligente e eu não vou conseguir passar. é melhor eu não abrir a boca, aliás era melhor eu nem continuar respirando
Sempe me disseram que o mundo "lá fora" é cruel e impiedoso. E, de fato, é. Mas nenhum mundo é mais impiedoso que o meu. Ninguém cobra tanto de mim quanto eu me cobro. Se eu chego dez minutos atrasada no trabalho por conta de um acidente de trânsito, só falta eu morrer de chorar na frente da coordenadora e dos alunos.
Eu não sei quem enfiou na minha cabeça que eu preciso estar sempre no topo do meu jogo, que eu preciso estar bem sempre, que eu preciso ser a mais inteligente. Na verdade, acho que isso foi uma resposta ao tanto que me zoavam na escola pela minha aparência. Eu não era a amiga bonita, eu era a amiga inteligente. Eu não tinha namoradinhos, eu tinha notas boas. Não que ser bonita e ter namorados é algo ruim, mas eu sempre vi meu valor pelo meu desempenho acadêmico já que eu era a "amiga feia". Eu poderia discorrer aqui sobre como colocam garotas para baixo desde sempre e colocam nosso valor na aparência física e como a nossa autoimagem na infância fode a nossa vida adulta mas o texto não é sobre isso.
Só que ninguém me disse nessa época que eu não seria boa em tudo. Eu seria péssima em algumas coisas e isso não importa. Ou seja: quando eu comecei a ir mal na escola (talvez o início de uma depressão? momentos) foi o declínio da confiança no meu intelecto.
Eu enfiei na minha cabeça que eu não era nem a amiga bonita e nem a amiga inteligente. E nem amiga de ninguém, já que eu sempre tive aquele dom de me irritar por qualquer coisa e criar furacões em copo d'água (porque tempestade é pouco). Aí você junta com gente rindo de você na escola, seus pais mudando radicalmente com você, a puberdade acontecendo, a depressão pedindo pra te ser sua amiga no Facebook...
Eram 20:45 de um domingo, em maio de 2015. Olho para a parede e penso: "eu sempre fui burra mas ninguém teve a decência de me contar". Faço questão de assassinar mais uma das minhas unhas e arranhar o meu braço onde ele já está machucado. Vou pro banheiro, me olho no espelho, vejo o meu corpo (que está bem), tomo um banho rápido pra evitar (maiores) problemas de autoimagem. Deito na cama, me enrolo em dois cobertores e penso alto: caralho. Não é à toa que tem gente que pensa que eu tenho 14 anos. Na maior parte do tempo eu reajo do mesmo jeito de quanto eu realmente tinha 14 anos.
Tá com problemas de autoestima? Foge. Tá com medo de estudar e não passar no vestibular? Não estuda, não vai pro cursinho, foge. Tá com medo de conseguir aquele emprego foda e ser ruim nele? Nem vai pra entrevista, foge. Tá com medo de gostar de alguém? Run, Lori, RUN. Algo deu errado? Não, não é a coisa que deu errado, é você que tá errada. Você é a burra, e não o sistema de educação que é elitista. Não é o emprego que não é para o seu perfil e sim você que é burra. É sempre o mesmo ciclo de feia-burra-incapaz-inútil. Engraçado que eu sempre falo pros meus alunos que não é pra ter medo de errar, tem que tentar falar o inglês o máximo possível e ir aprendendo a cada erro. Mas nossa, ai de mim quando eu travo a língua. Claramente eu sou a estúpida. Duh.
Eu conto nos dedos os dias que eu realmente gosto de mim mesma e penso "nossa, vale a pena eu viver". Não digo isso pra chover gente falando "mas looori vc é x e x x". Estou sendo brutalmente honesta aqui. Daí eu me questiono: é justo? Não. Estou sendo legal comigo mesma? Não. Eu pensaria isso de outra pessoa? Não. Eu tento julgar as pessoas o mínimo possível - eu sou humana, humanos não prestam etc. Na maioria das vezes eu não ligo pra certas coisas que outras pessoas ligam. Não, sério, você aí que me conhece numa esfera mais pessoal, eu quero que você diga quantas vezes você ouviu um barraco envolvendo meu nome. Eu não entro em barraco porque na maioria dos tempos eu simplesmente não ligo. Vejo os defeitos das pessoas, dou um longo suspiro e deixo quieto.
Mas eu não sou bondosa com os meus defeitos. Faz tempo que não vejo meus amigos - simplesmente porque sair de casa não está fácil pra mim - e isso já o suficiente pra eu achar que sou uma péssima amiga, que logo todo mundo vai me abandonar ou que já estão abandonando... Sendo que eu sei meus motivos para não sair, eu estou tentando dar tempo ao tempo e ninguém está me abandonando, eu que estou me excluindo.
Só que ninguém sabe que eu vivo na fronteira.
Eu sou extremamente racional. Eu consigo te dizer perfeitamente quais são os meus problemas, qual é a minha trajetória com doenças mentais, porque as pessoas da minha família agem do jeito que agem, porque o céu é azul, porque eu devo me afastar de fulano... só que eu também sou extremamente reativa. Eu choro, eu grito, eu me arranho, me deixe longe dos remédios, eu quebro coisas, eu destruo o que tiver pela frente. É tudo imediato - e o que me dá mais medo é a minha facilidade de ir pra esses extremos. Só hoje eu oscilei entre urso hibernando, possuída pelo ritmo ragatanga, mini crise depressiva, Magali (a.k.a comi loucamente) e... sei lá como eu estou agora. Exausta?
Na verdade eu to escrevendo isso tudo pra relembrar uma coisa que li esses dias:
A depressão mente. A sociedade mente. O lado ruim da fronteira mente também. E eu minto pra mim mesma. Não tem problema eu ser ruim em mil coisas. Eu sou boa em algumas outras. Se eu não tenho o corpo que os outros querem, se eu sou feia e desengonçada, não é obrigação minha ser bonita. E, por fim:
eu preciso começar a ser legal comigo mesma como eu sou igual com os outros. tá na hora de sair do "é complicado" e entrar num relacionamento sério comigo.
me tirem do facebook POR FAVOR
Sempe me disseram que o mundo "lá fora" é cruel e impiedoso. E, de fato, é. Mas nenhum mundo é mais impiedoso que o meu. Ninguém cobra tanto de mim quanto eu me cobro. Se eu chego dez minutos atrasada no trabalho por conta de um acidente de trânsito, só falta eu morrer de chorar na frente da coordenadora e dos alunos.
Eu não sei quem enfiou na minha cabeça que eu preciso estar sempre no topo do meu jogo, que eu preciso estar bem sempre, que eu preciso ser a mais inteligente. Na verdade, acho que isso foi uma resposta ao tanto que me zoavam na escola pela minha aparência. Eu não era a amiga bonita, eu era a amiga inteligente. Eu não tinha namoradinhos, eu tinha notas boas. Não que ser bonita e ter namorados é algo ruim, mas eu sempre vi meu valor pelo meu desempenho acadêmico já que eu era a "amiga feia". Eu poderia discorrer aqui sobre como colocam garotas para baixo desde sempre e colocam nosso valor na aparência física e como a nossa autoimagem na infância fode a nossa vida adulta mas o texto não é sobre isso.
Só que ninguém me disse nessa época que eu não seria boa em tudo. Eu seria péssima em algumas coisas e isso não importa. Ou seja: quando eu comecei a ir mal na escola (talvez o início de uma depressão? momentos) foi o declínio da confiança no meu intelecto.
Eu enfiei na minha cabeça que eu não era nem a amiga bonita e nem a amiga inteligente. E nem amiga de ninguém, já que eu sempre tive aquele dom de me irritar por qualquer coisa e criar furacões em copo d'água (porque tempestade é pouco). Aí você junta com gente rindo de você na escola, seus pais mudando radicalmente com você, a puberdade acontecendo, a depressão pedindo pra te ser sua amiga no Facebook...
Eram 20:45 de um domingo, em maio de 2015. Olho para a parede e penso: "eu sempre fui burra mas ninguém teve a decência de me contar". Faço questão de assassinar mais uma das minhas unhas e arranhar o meu braço onde ele já está machucado. Vou pro banheiro, me olho no espelho, vejo o meu corpo (que está bem), tomo um banho rápido pra evitar (maiores) problemas de autoimagem. Deito na cama, me enrolo em dois cobertores e penso alto: caralho. Não é à toa que tem gente que pensa que eu tenho 14 anos. Na maior parte do tempo eu reajo do mesmo jeito de quanto eu realmente tinha 14 anos.
Tá com problemas de autoestima? Foge. Tá com medo de estudar e não passar no vestibular? Não estuda, não vai pro cursinho, foge. Tá com medo de conseguir aquele emprego foda e ser ruim nele? Nem vai pra entrevista, foge. Tá com medo de gostar de alguém? Run, Lori, RUN. Algo deu errado? Não, não é a coisa que deu errado, é você que tá errada. Você é a burra, e não o sistema de educação que é elitista. Não é o emprego que não é para o seu perfil e sim você que é burra. É sempre o mesmo ciclo de feia-burra-incapaz-inútil. Engraçado que eu sempre falo pros meus alunos que não é pra ter medo de errar, tem que tentar falar o inglês o máximo possível e ir aprendendo a cada erro. Mas nossa, ai de mim quando eu travo a língua. Claramente eu sou a estúpida. Duh.
Eu conto nos dedos os dias que eu realmente gosto de mim mesma e penso "nossa, vale a pena eu viver". Não digo isso pra chover gente falando "mas looori vc é x e x x". Estou sendo brutalmente honesta aqui. Daí eu me questiono: é justo? Não. Estou sendo legal comigo mesma? Não. Eu pensaria isso de outra pessoa? Não. Eu tento julgar as pessoas o mínimo possível - eu sou humana, humanos não prestam etc. Na maioria das vezes eu não ligo pra certas coisas que outras pessoas ligam. Não, sério, você aí que me conhece numa esfera mais pessoal, eu quero que você diga quantas vezes você ouviu um barraco envolvendo meu nome. Eu não entro em barraco porque na maioria dos tempos eu simplesmente não ligo. Vejo os defeitos das pessoas, dou um longo suspiro e deixo quieto.
Mas eu não sou bondosa com os meus defeitos. Faz tempo que não vejo meus amigos - simplesmente porque sair de casa não está fácil pra mim - e isso já o suficiente pra eu achar que sou uma péssima amiga, que logo todo mundo vai me abandonar ou que já estão abandonando... Sendo que eu sei meus motivos para não sair, eu estou tentando dar tempo ao tempo e ninguém está me abandonando, eu que estou me excluindo.
Só que ninguém sabe que eu vivo na fronteira.
Eu sou extremamente racional. Eu consigo te dizer perfeitamente quais são os meus problemas, qual é a minha trajetória com doenças mentais, porque as pessoas da minha família agem do jeito que agem, porque o céu é azul, porque eu devo me afastar de fulano... só que eu também sou extremamente reativa. Eu choro, eu grito, eu me arranho, me deixe longe dos remédios, eu quebro coisas, eu destruo o que tiver pela frente. É tudo imediato - e o que me dá mais medo é a minha facilidade de ir pra esses extremos. Só hoje eu oscilei entre urso hibernando, possuída pelo ritmo ragatanga, mini crise depressiva, Magali (a.k.a comi loucamente) e... sei lá como eu estou agora. Exausta?
Na verdade eu to escrevendo isso tudo pra relembrar uma coisa que li esses dias:
A depressão mente. A sociedade mente. O lado ruim da fronteira mente também. E eu minto pra mim mesma. Não tem problema eu ser ruim em mil coisas. Eu sou boa em algumas outras. Se eu não tenho o corpo que os outros querem, se eu sou feia e desengonçada, não é obrigação minha ser bonita. E, por fim:
eu preciso começar a ser legal comigo mesma como eu sou igual com os outros. tá na hora de sair do "é complicado" e entrar num relacionamento sério comigo.