quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Sobre sorrisos amarelos e sabonetes

written by Larissa Rainey at 12:36

A vida é um grande conglomerado de coisas. De situações, de pessoas, de histórias, de sentimentos, de reações. Pegue tudo de bom e de ruim que existe no mundo, misture bem com alguns clichês líquidos e voilá: temos uma vida humana.
A vida é feita de opostos. Você nasce e você morre. Não importa quem você é. Se você nasceu, existe uma probabilidade de 100% que você vá morrer. Aliás, esqueça as probabilidades. Você vai morrer.
Mas não, a crônica de hoje não é sobre a morte. Deixemo-la quieta por enquanto. Hoje é um dia ensolarado demais para falar sobre a morte e suas certas incertezas.
Falando francamente, o problema é descobrir o que fazer no tempo livre entre seu nascimento e sua morte. O problema é aprender a lidar com todo esse tempo livre que está em nossas mãos. É lidar com os fracassos, as vitórias, as decepções, os amores (ou a falta deles), a carreira, os sonhos.
O mundo é um playground. Mas é um playground cheio de criancinhas mimadas e idiotas falando que você não pode brincar porque eles não gostam do jeito que você cheira. E por mais banhos que você tome, ainda vai ter gente que não gosta do seu cheiro. De duas uma: ou você entende de uma vez por todas que nem todos vão te achar um mar de rosas, ou você esfola a sua pele pelo resto da sua vida de tanto tomar banho.
Sabonetes à parte, o grande problema da vida é justamente lidar com os outros. Claro, você pode ser um eremita e viver para sempre em uma caverna. Mas chegará um momento em que você, eremita, pensará: “Ah se eu tivesse alguém para dividir essa caverna... Essa caverna está tão fria... Ah se tivesse alguém para me esquentar...”. Nunca estamos satisfeitos.
Aliás, esqueça o seu sonho de ser plenamente satisfeito. O ser humano não nasceu para estar plenamente satisfeito. Sempre tem algo que pode ser melhorado, atualizado, expandido, repensado. E se ele está satisfeito (o que é raro), alguém sempre apontará erros e faltas de atualização na sua vida.
Um exemplo? Reúna a sua família para um almoço. Esteja bem sucedido na sua carreira, ganhe muito dinheiro, tenha uma vida confortável. Mas ninguém que te prenda, pois você é uma pessoa livre e moderna e não precisa de ninguém na sua cola. E mesmo que você esteja com um sorriso enorme nos lábios, você não se livrará tão fácil da tia intrometida que pergunta sobre seus namorados. E se você diz que está solteira, e feliz assim, ela sorri – aquele sorriso amarelo de ‘estou te julgando com a força do martelo de Thor’.
“Nossa, mas a vida então é um saco”, você me diz. Em primeiro lugar: puxa vida, leitor, você percebeu isso agora? Enfim. Em segundo lugar, a verdadeira graça da vida não é estudar – trabalhar – ganhar dinheiro – ser feliz. A graça é justamente aprender a lidar com essa confusão toda. A graça é rir internamente das criancinhas que falam que você fede – porque você também acha que elas fedem. A graça é deixar que as pessoas entrem na sua caverna e saiam e você aprenda a lidar com isso  - com duplo sentido ou não. A graça é perceber que o sorriso da sua tia é realmente amarelo e indicar um dentista ‘bacana, com um preço super camarada’ para ela.
A graça da vida é procurar graça nela.

2 comentários.:

Giulia on 17 de agosto de 2011 às 16:56 disse...

Nossa, adorei. Realmente, a graça da vida é procurar a graça nela. É tipo rir do Jigsaw durante o seu jogo, algo assim :P Você escreve tão lindamente bem rsrsrs Bjoos

Amanda on 17 de agosto de 2011 às 17:06 disse...

É o tipo de filosofia que sempre cai bem, nao importa quando e nem como, pelo simples fato de sermos humanos.
Gostei, gostei, gostei.

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