Devo dizer que o filme "O Palhaço" me surpreendeu. Eu esperava uma comédia não muito engraçada - afinal de contas, foi dirigido pelo Selton Mello, ele é o personagem principal e oras, o filme é sobre um palhaço. O meu engano foi de proporções quase catastróficas.
Benjamin é um palhaço quase depressivo. Ele está sempre olhando para o nada, preso em sua própria cabeça, confuso e cansado. Percebendo a dificuldade do circo em se manter, ele é o responsável por manter tudo em ordem. Todos confiam nele - mas nem ele confia muito em si mesmo.
Com uma obsessão adorável por ventiladores e com nenhum documento além de sua certidão de nascimento, observamos a jornada de Benjamin e a vida dentro do circo Esperança. Cada um com suas particularidades, contadas de modo muito sutil. Muitas vezes, os principais acontecimentos se dão de maneira muda - fica a cargo do espectador entender o que está acontecendo.
A diferença entre o palhaço Benjamin - apresentado como Pangaré - e o homem Benjamin é notável. Selton simplesmente brilha ao atuar a persona do palhaço, e a delicadeza com que ele construiu o Benjamin foi incrível. Outro ponto forte do filme são os coadjuvantes, prontos para injetar humor na hora certa - um humor simples, mas fino e nada escrachado.
A relação de Benjamin com seu pai é complicada. Há uma cumplicidade inerente entre os dois; o pai passando a tocha - neste caso, o circo - para o filho... Mas será que é realmente isso que ele quer? Será que Benjamin realmente está disposto a passar seus dias viajando, criando risadas mas sem ninguém para fazê-lo rir?
Em geral, o filme tem uma simplicidade fantástica e é muito bem feito. E eu saí da sala de cinema com uma vontade louca de apertar as bochechas do Selton Mello, mas tudo bem.
1 comentários.:
Ainda não vi, mas pelo pôster eu sempre imaginei que o filme fosse meio deprê mesmo. Mas ainda tenho vontade de ver, adoro o Selton Mello (e a voz dele pqp).
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