sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

#10 - Elétrica

written by Larissa Rainey at 00:47
She moves in her own way by ~MissUnfortunate

Mas o que é este canto que se forma em minha garganta, que manipula minha voz e me faz soar como um trovão? De qual máscara vem esse olhar tão diluído em si mesmo? De quem é esse corpo que eu toco tão teimosamente, mesmo que esteja completamente fechado para mim? E desde quando fui feita de aço a modo de incomodar cada pessoa que me oferece um abraço?
Cada vez que uso o ponto de interrogação meu coração morre de tanto interrogar-se. São perguntas com respostas variadas, nenhuma chegando a lugar algum. Entretanto, devo eu  realmente chegar a lugar algum? Cheguei de não sei onde, com genética bagunçada e transtornada. Passei por alguns e alguéns e agora estou aqui. Esse aqui é mais passageiro do que o tempo que insiste em voar com suas asas de ponteiro.
Lembro-me de uns dias atrás, quando percebia todas as variações de azul que o mar e o céu podem me oferecer. Senti-me tão terrivelmente isolada do mundo mas inevitavelmente conectada comigo mesma. As chamas que crepitam ao redor de mim ficam desesperadas ao ver cada onda em seu vai e vém contínuo. A calmaria do mar faz com que cada parte do meu corpo ensandeça. Faz com que eu pondere demais sobre  meu futuro - não, não quero mais falar disso. Não quero ficar mais ensandecida ainda.
Não gosto desse entorpecimento que cresce tal qual arranha-céu que arranha o meu ser. A cada momento que encaro a parede e deixo minha mente vagar em cada arquétipo que represento, algo em mim explode. Torno-me a personificação da eletricidade e insisto em eletrocutar todos ao meu redor. Preciso, necessito, desejo que  todos provem das correntes elétricas que não permitem a minha calmaria. Eu desejo que você dance conforme a minha música e que o seu corpo se controrça com os movimentos que eu acho mais agradáveis. 
E quando tudo acaba, volto a ser quem eu realmente sou: trezentas, quatro, uma, nenhuma.




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