segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

#4 - Fantasmas

written by Larissa Rainey at 18:07
     circus team por ~Naimane

Acumulo fantasmas à medida que prossigo com a minha vida. Olho meu reflexo no espelho e sei que nunca estou sozinha. As olheiras que indicam longas noites com pouco sono, a pele pálida que não vê muito o sol, as bochechas mais preenchidas com quilos extras. Mas em algumas noites - aquelas que normalmente são acompanhadas de olhares úmidos, meus fantasmas tomam corpo e personalidade.
O primeiro deles - uma linda mulher de sotaque francês, senta-se na cadeira ao lado da minha cama. Toma um martini extrrremante seco, como ela diz, e me conta todos os seus segredos e sua vida nem tão maravilhosa assim. Já brigamos muito, eu e ela. Ela, quase sem rodeios e  timidez, conhece a minha ruindade e o meu egoísmo. Mas também conhece o meu amor, a minha esperança, e a minha criatividade que surge nos piores momentos. Ela é mais ausente, nesses últimos anos. Apenas passa para tomar um drinque e contar vantagem. Eu não ligo.
O segundo fantasma também é uma mulher, mas completamente diferente da anterior. Ela prefere deitar ao meu lado na cama, sussurrando baixinho letras de música. Costumo pensar que, se todas as músicas que eu amo se tornassem um ser humano, seriam ela. Eu gosto da maneira com que ela cantarola grandes solos de violino. Ela gosta do meu cabelo, e faz questão de mexer nele até que eu durma. 
O terceiro fantasma não é meu. Foi adquirido, em uma das vezes que me apaixonei. É um homem de olhos muito escuros e impenetráveis. Penso que ele não é um fantasma, e sim uma sombra. Mal se vê que ele entrou em meu quarto... só o vejo quando a chama do ódio inflama o meu corpo - e é o fogo que o ilumina. 
Sem os meus fantasmas, eu não sou ninguém. 

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