terça-feira, 20 de julho de 2010

Mentiras

written by Larissa Rainey at 20:05


No álbum The Opheliac Companion, que é um making of que a Emilie Autumn fez do álbum Opheliac, ela explicou de onde surgiu a letra de Liar. A letra toda, que é basicamente um amor obsessivo, foram coisas que falaram a ela. Que a pessoa ia mostrar pra ela toda a beleza que ela tinha e não sabia, porque só a pessoa seria capaz de fazer isso. Que se a pessoa estivesse machucando-a, era para o próprio bem dela. Que era para os dois misturarem o sangue e enterrassem num jardim, para quando um quisesse ir embora, tivesse que ter o trabalho de desenterrar a jarra. Assim, pensariam melhor se deveriam ir mesmo. Como se a pessoa quisesse que ela sofresse, apenas para consertá-la. Isso acendeu uma luzinha na minha cabeça, e não apenas em relação à música. E sim sobre a minha própria vida, e as mentiras que sempre a cercaram, vindas de pessoas tão diferentes.
As pessoas mentem. E muito. Eu minto. Não sou nenhum buquê de rosas. Minto quando estou mal. Não suporto que me olhem com cara de piedade, não suporto ser a garota sentada num banco e chorando no meio da rua. Eu minto, esboço o meu melhor sorriso. Uma máscara. Uma mentira. Mas eu não minto para prejudicar alguém, para enganar alguém de uma maneira maliciosa, digamos assim. As minhas mentiras servem para que as pessoas que eu amo não se preocupem comigo, e não sofram por mim. Eu nunca diria "Eu te amo" para alguém que eu não amasse, como já fizeram comigo. A oportunidade de uma mentira assim já surgiu, e eu preferi ser límpida. Talvez seja por isso que hoje eu estou sozinha. Mas eu prefiro estar assim do que aquecer o coração de alguém com frias mentiras. E eu sei que existe esperança quando alguém faz a gentileza de ser honesto comigo - porque francamente, a humanidade anda tão manipuladora que honestidade se tornou gentileza.
Sentei para escrever esse post, e de repente eu perdi todo o meu controle. Eu ia escrever uma coisa engraçada, mas aí eu comecei a ouvir certa música que desencadeou certo pensamento, e o resultado? Uma tempestade de emoções, quentes e frias. Me lembrei das mentiras que me contaram e eu acreditei. Me lembrei das máscaras que eu usei, me lembrei do que não deveria ter lembrado. Me lembrei das ilusões que criei, dos beijos que nunca recebi, das lágrimas que derramei e das lágrimas que nunca foram derramadas por excesso de orgulho. Me lembrei dos abraços que eu de fato recebi, dos sorrisos verdadeiros, das risadas descontroladas. E cheguei a conclusão que faz tempo que eu usei uma máscara. Eu me sinto confortável na minha própria pele. Eu gosto de ser pálida, ruiva, "encorpada", com óculos, cara de boneca séria. Cara de estranha, cara de perdida, cara de menininha bobinha. Gosto de fugir do estereótipo.
Eu não preciso mais de uma mentira para ser eu mesma. Essa é a liberdade, meus caros. E estou aproveitando cada minuto.

P.S. - Hoje é um dia importante. Finalmente fiz minha matrícula no curso de francês. E quem vai pagar metade sou eu, com o meu dinheiro. ;)
P.S. 2 - Dica para os homens que não tem um pingo de classe: chamar uma mulher de gostosa pra rua inteira ouvir não vai fazer com que ela durma com você. Vai fazer com que ela fuja e morra de vergonha, isso sim.

6 comentários.:

Liv Muramoto on 20 de julho de 2010 às 21:28 disse...

incrível como me identifiquei com isso: máscaras, mentiras, frieza e um emaranhado de sentimentos, ora intensos, ora vazios...

ler o seu post me fez perceber o quanto eu me sinto confortavel em minha própria pele e quanto sou obrigada a verstir máscaras para os outros, carapuças que não me servem, peles que me transformam numa pessoa que não sou.

você tem razão, honestidade é gentileza. ou agressão. ainda assim, prefiro ser honesta e receber honestidade em troca!

Sandro XP on 20 de julho de 2010 às 21:35 disse...

Fatos. E as pessoas se assustam ao ver alguém, alguém de verdade. As máscaras, em geral, são mais bonitas, e sempre serão.

Unknown on 20 de julho de 2010 às 23:06 disse...

Desculpa, minha querida, mas eu só tenho uma coisa a dizer aqui (porque você já sabe tudo o que eu penso sobre isso):
Que orgulho que eu tenho de você.
Te amo muito, maninha.

Anônimo disse...

Hnm... Muito interessante. Essa coisa de máscaras me soa bastante familiar. Muito bom o texto. Meus parabéns, minha cara. (You should know who am I, right?)

Feather and Ink on 21 de julho de 2010 às 00:07 disse...

Interessante, mentiras..Seria dizer-te, um exemplo, um poeta? Apresenta-nos versos. Convém mesmo dizer que são admiráveis, pois de outro modo seria dizer que estes, nada valem. E, fazer uma ofensa sangrenta a tal homem que apenas desejava vos fazer uma cortesia. A meu ver, mentiras jamais serão de todo ruim, pois não nos é dado vil exemplo? Amor, freqüentemente atraiçoado pela virtude? Gostei. x)

The thousand F's and the 2 L's on 21 de julho de 2010 às 12:43 disse...

E nós adoramos a Larissa que você passou a ser.
Amo-te, chiisa <3

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