domingo, 19 de fevereiro de 2012

A internet, o comportamento humano e fotos de gatinhos

written by Larissa Rainey at 22:10

 Ultimamente eu tenho questionado muito a minha relação com as redes sociais, a maneira com que me comporto nelas, e a necessidade delas. 
Pensei no blog primeiro. Pensei se realmente valia a pena continuar gastando teclado e as pontas dos meus dedos  expondo minhas opiniões sobre coisas que importam somente a mim. Tenho leitores e sou grata por todos eles, mas de onde vem essa necessidade de ter um canto só meu para eu falar sobre filmes, sendo que posso muito bem ter as mesmas conversas com alguns amigos? 

Então isso me fez pensar no vasto mundo da internet. Eu definitivamente não sou a pessoa com mais instrução sobre a cibercultura, mas li alguns textos sobre isso que ajudam bastante a organizar meus pensamentos a respeito dela. A internet possibilitou a todos a expansão de conhecimento e modificou a maneira com que lidamos com nossos relacionamentos. Tirar uma foto apenas para ter uma recordação de um momento bom não é mais o suficiente. Nossos álbuns de fotos agora estão no Facebook, nossos pensamentos no Twitter, nossas músicas no LastFM, e por aí vai. A vontade e a necessidade de compartilhar aspectos da nossa vida aumentou, e nossa vida social também mora na internet. Afinal de contas, quem é você se não tiver um Facebook? Não basta apenas viver, você precisa contar ao mundo que você está vivendo - como se a nossa vida realmente importasse o suficiente para compartilhamos tanta informação. Acabou-se a graça de simplesmente ter uma opinião. É como se tivéssemos um palco apenas para nós, e nele podemos falar o que quisermos. Se você quiser falar sobre o quanto você não suporta o Carnaval, ou o Big Brother, você pode. E será ouvido e julgado.
Antigamente, só conhecíamos o mundo através de fotos, viagens, livros ou até pela televisão. Mas se eu quiser conversar com uma garota sueca sobre o que as garotas da Suécia vestem, eu posso. Só preciso de um laptop e de uma conexão para a internet. Passamos a esquecer o que está fora do computador e somos absorvidos pelo turbilhão de informações disponíveis - informação cuja maioria esquecemos rapidamente e é substituída por outra. 
Mas ao mesmo tempo que podemos aprender uma infinidade de coisas, uma boa parcela dos usuários prefere a parte inútil da internet - as repetições, os "memes" da vida. Imagens e bordões são repetidos, exaustivamente, até que a graça se perde totalmente... e então procuramos um novo bordão, e o ciclo continua. Afinal de contas, por que é tão engraçado ver um gato tocando teclado? Por que isso gera um número tão grande de visualizações? A internet teria deixado o mundo mais burro? Não vejo por esse lado - afinal de contas, ninguém consegue ser sério em todos os momentos. Ver um gato tocando teclado ou um cantor russo cantando "trololololo" faz com que esquecemos um pouco da nossa realidade. É aquele momento em que você pára o seu trabalho para rir por alguns segundos.
E não, a sociedade ainda não sabe o que fazer com isso tudo que a internet proporciona - nem as grandes empresas. Visto a quantidade de leis que tentam proteger os impérios da indústria do entretenimento, ignorando todas as possibilidades da internet e o comportamento dos usuários e consumidores. Em um espaço de tempo relativamente curto, comprar CDs virou "luxo" - ir ao cinema, idem. Afinal de contas, "para quê" gastar dinheiro se posso ter esse conteúdo todo de graça? Coisas que eram tão necessárias para o entretenimento se tornaram quase inúteis e passaram a serem vistas como desperdício.
A internet mudou inúmeros aspectos da vida em sociedade, ok - mas o comportamento das pessoas não é consequência apenas da internet... as coisas só mudaram um pouco de amplitude, talvez. Afinal, seres humanos sempre gostaram de compartilhar seus pensamentos. A diferença é que hoje você pode ter um blog de graça e angariar alguns leitores - e antigamente as pessoas trocavam cartas, ou escreviam em seus diários, ou escreviam poemas e crônicas que poderiam ser publicadas em algum lugar. Pessoas sempre gostaram de fofocar sobre a vida alheia e observá-la, sempre gostaram de se reunir em um único ponto para falarem besteira. Mas quando isso é ampliado para um ambiente quase sem limites, o comportamento também é ampliado. Ter um blog e ter leitores passa a ser ligeiramente mais legal do que escrever meia dúzia de poemas num caderno velho, ter uma página na internet para falar sobre o quanto você ama esmaltes ou sobre o quanto você odeia a Avril Lavigne passa a fazer muito sentido. Passar horas no Facebook do cara que você quer é quase uma segunda natureza humana. Stalkear alguém em todas as redes sociais possíveis é o novo "ficar na janela esperando o desgraçado passar". Então, estaríamos apenas reposicionando o nosso comportamento? Claro que a internet também criou vários novos tiques nervosos, mas isso não seria apenas consequência do comportamento humano básico? Não temos a mente quase programada para sermos quase histéricos na internet? Afinal de contas, por que fotos de gatinhos nos atraem tanto??  E por que eu estou pensando nisso num domingo de carnaval???
Eu ainda não sei as respostas para todas essas perguntas, mas eu sei de algumas: 1 - Já que estamos na "era da Internet", vamos aproveitar, por que não? e 2 - PORQUE GATINHOS SÃO LINDOS.



 

2 comentários.:

Raine Holtz on 19 de fevereiro de 2012 às 22:17 disse...

Todo mundo quer ser ouvido. Eu acredito que todos têm algo a dizer, seja relevante para mim ou não. Com uma ferramenta que possibilita a cada um ser um "centro" de atenções, de onde várias ramificações brotam, é de se esperar que as pessoas vivam a vida de forma mais "pública".

Ou talvez a internet seja só uma conspiração criada por felinos para nos escravizar.

celle coelho on 20 de fevereiro de 2012 às 13:23 disse...

Por mais fascinante que seja a internet, realmente dá medo da dimensão que ela tomou. Mesmo assim, não consigo pensar nada de ruim dela. Por mais estranho que pareça, ninguém está sendo obrigado a viver enfiado nela... ainda.

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