sexta-feira, 23 de setembro de 2011

As fabulosas cores de Amélie Poulain

written by Larissa Rainey at 13:05

 
               Poucos filmes são retratados da maneira com que a personagem principal vê o mundo. “O fabuloso destino de Amélie Poulain” é uma dessas raras exceções. Amélie é uma jovem delicada e presa no próprio mundo imaginário, sem se importar muito com o caminhar da sociedade ao seu redor. Seu ponto de vista é muito peculiar, rico em detalhes e suas manias são carregadas ao longo do filme.

            Um dos pontos fortes do filme é justamente seu roteiro firme e bem preciso; a personalidade de Amelie não se perde ao decorrer da historia. Pelo contrário: cada acontecimento é singular, como a personagem. Mas não apenas isso chama a atenção enquanto se assiste o desenrolar da história. São os detalhes e a delicadeza dos eventos.

            A fotografia é um objeto importantíssimo na história. Ela é desconstruída, modificada e até distorcida; Amelie se vê atraída pelo homem misterioso que picota o próprio retrato em várias cabines fotográficas espalhadas pela cidade; ela procura o homem que reconstrói as fotos picotadas e se encontra com ele; e agrada seu pai com fotos do anão de jardim em vários cantos do mundo. E a forma com que Amelie lida com essas representações e com os demais objetos nos faz pensar sobre a individualidade de todos nós e até que ponto nosso mundo imaginário influi no “mundo real”.

            Outro instrumento que o diretor utiliza para contar a história de Amélie é a cor de cada cena. Baseando-se em Machado, um pintor brasileiro relativamente desconhecido, o filme tem fortes tons de vermelho, verde e amarelo, e sempre com um ponto de azul. Essa escolha foi essencial para recriar a maneira de ver da personagem – com cores a mais, cores fortes e intensas. Amélie não vê o mundo da mesma maneira que uma pessoa normal e isso se reflete nas cores.

            E é por isso que “O fabuloso destino de Amélie Poulain” é tão cativante: por ser delicado e intrínseco, por tratar de assuntos batidos – como o amor -  de uma maneira peculiar e divertida. Os objetos são desconstruídos, as cores são inspiradas em pinturas, a linguagem do roteiro é simples mas encantadora. É muito difícil terminar este filme sem querer viver algo parecido – mudar vidas, se apaixonar por alguém, e ousar ver o mundo com outros olhos.

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