domingo, 11 de setembro de 2011

Uma triste história

written by Larissa Rainey at 17:47
Nada como passar as férias na praia, não é mesmo? Muito sol, muita areia, muito calor, muito pastel com recheio de óleo, muita água de coco. Mas é claro que alguma coisa tem que dar errado nessa equação toda. E aí é que entra o fator chuva na história.
Ninguém pega o carro nas férias de janeiro e enfrenta o maior trânsito pra pegar chuva. Sem sol nem calor, as pessoas são obrigadas a ficar dentro de casa. Confinadas. Obrigadas a olhar para a cara do outro, a lembrar daquela briga monstruosa com o marido porque ele não aguenta mais a quantidade de biquínis que você comprou esse verão. E pra melhorar, tem sempre a filha problemática que odeia sol e praia e reclamou o caminho inteiro.
É isso que a chuva faz com as pessoas durante as férias na praia. Maria se viu obrigada a tolerar o marido e a filha, desgostosos com a situação. O marido fazia cara de cão entediado e a filha estressada que já tinha lido todos os livros que trouxeram para  a terrível temporada na praia.
Até que ela lembra que perto do apartamento, tem um shopping. Tudo bem que shopping de praia é aquela coisa: o povo mal tirou a areia do corpo e já parte rumo ao McDonald's para alimentar a prole. A família decide, então, pegar o carro e ir pro tal do shopping assistir um filme. Assistem Shrek 2: filme pra família, meio engraçadinho, todos curtem, todos saem rindo. A filha queria comer no shopping, mas Maria queria comer esfiha do restaurante perto do apartamento.
Eles não contavam com a chuva torrencial que fazia questão de não parar de cair. Claro, eles estavam de carro, então estava tudo bem. O pai pára no restaurante e pede as tais esfihas pra viagem. Maria e a filha esperam dentro do carro, ouvindo música, recontando piadas. 
Uma hora se passa, a chuva não pára, e as esfihas ainda não ficaram prontas. O estômago de Maria roncava e ela não sabia se conseguia passar mais uma hora enfurnada no carro com a filha que praticamente implorava para Deus que a chuva continuasse a cair. Maria, bravamente, resolve sair do carro para encontrar o marido tomando uma cervejinha e comendo bolinho de bacalhau enquanto espera as esfihas - que ainda não estavam prontas. Ela se sentiu deixada para trás. Ela adora bolinho de bacalhau. O marido, apreensivo, compra uns três bolinhos e uma latinha de cerveja para acalmar a mulher. Os dois se esquecem totalmente da filha, que ainda está dentro do carro. Eles também se esquecem que o carro está no meio da rua - e se alguém quisesse roubar o carro, a hora seria perfeita. 
Quando as esfihas finalmente ficaram prontas - tiveram boatos que eles foram até a cidade vizinha comprar farinha - Maria e seu marido entraram no carro, satisfeitos. Mas quando o marido liga o carro e descobre que a bateria havia acabado pois ninguém desligou nem o carro nem o rádio, as coisas complicaram.
A chuva caía, todos estavam famintos, a filha já estava estressada, e o marido ainda teve que empurar o carro. Maria no volante, vermelha de tanta raiva, ao perceber que o carro começara a pegar, correu rua afora deixando o marido na rua e na chuva.
Entrou no apartamento sentindo-se maravilhosa e poderosa. Afinal de contas, chegara em casa linda e seca enquanto o marido estava provavelmente correndo ensopado para voltar para casa. E quando foi apoiar a caixa das esfihas no balcão, um pequeno erro de cálculo fez com que Maria deixasse todas as esfihas caírem no chão.
Todas elas. Todas as esfihas. Ali, caídas, com a lei de Murphy fazendo a Globeleza e sambando na cara da Maria.
No dia seguinte, pegaram o carro e voltaram para casa.


Baseado em fatos reais.

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