sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Destruindo castelos

written by Larissa Rainey at 23:31
Suas mãos pequenas e fortes modelavam a areia com esmero. Calculava mentalmente a melhor maneira de construir um castelo forte e belo. E então, punha-se a trabalhar. Molhava a areia quando julgava necessário, endurecendo-a. Todo o cuidado do mundo era pouco para construir o seu castelo. Fazia questão de ficar longe das ondas enfurecidas do mar, para que este não destruísse todo o seu trabalho. Os pais observavam-no, orgulhosos de ter um filho tão dedicado e compenetrado. A maioria das crianças gritava e corria pela praia, fazendo barulho e causando desordem. Mas não aquele garoto. Ele preferia a companhia da areia. Ele gostava da sensação de controlar a areia e dar-lhe forma. Sentado debaixo de um guarda sol, passava o dia inteiro construindo castelos. Dormia com um sorriso nos lábios e o coração alegre pois passara o dia inteiro se divertindo.
E quando seu castelo ficou pronto, mostrou a seus pais sua obra prima. Ele então percebeu que com determinação e esforço, podemos construir qualquer coisa. Seu coração palpitava de tanta ansiedade e alegria - ele não via a hora de construir algo mais útil que um castelo de areia. Quando parou para observar a paisagem, avistou uma menina correndo em sua direção.
A menina era algo extraordinário. Ela parecia irradir uma luz perigosa e arrebatadora, quinhentas vezes maior que ele. Ela olhava para o castelo, intrigada. 
"Foi você que fez?", ela perguntou. Seus olhos faiscavam em direção do castelinho.
"Sim", ele respondeu, encabulado.
E sem que ele pudesse contê-la, ela pisou com força no castelo de areia e usou suas mãos para destruir o que faltava.
Ele sentiu seus olhos serem invadidos com lágrimas - uma dor tomou conta de seu coração. Aquilo que fora construído com tanto cuidado, com tanta delicadeza, fora destruído com ferocidade. O que levou dias para ser erguido, levou segundos para desmoronar. Ele enfim aprendeu sobre a fragilidade da vida e a irrefutável maldade humana.
Poucos constroem o que a maioria destrói.

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