sábado, 14 de janeiro de 2012

O cubo de Rubik

written by Larissa Rainey at 15:19

foto por  ~Fangschrecke @ DeviantART

 Entre páginas e páginas de rabiscos que provavelmente jamais entenderei e só fizeram sentido quando foram escritos, pude concluir uma coisa. Minhas conclusões raramente chegam a algum lugar, mas continuarei sempre a concluir algo. É um círculo vicioso que beira a imbecilidade. Minha vida não mudará, não encontrarei paz com tantas conclusões e idéias e metáforas... mas pelo menos consigo fingir que existe beleza nos meus defeitos.
Sem mais delongas, vamos ao embelezamento dos meus monstros. 
Ao furiosamente marcar as páginas do meu caderno barato, minha percepção foi ficando cada vez mais aguçada. É natural, quando encaramos um problema. É natural tentar absorver e observar cada pedaço do problema - principalmente quando ele está a meio milímetro de distância. Não existe nada fantástico nisso. Ou talvez até exista, mas com cada palavra deste parágrafo eu estou fazendo milhares de voltas para evitar um novo confronto. Todavia, ignorar o problema, fechar os olhos e respirar não faz com que o problema suma de vez. Você deixa de vê-lo, mas lá está ele. E quando você abrir os olhos novamente... ele fica mais vívido e as palavras se tornam gritos.
A questão é: eu sou milhares de coisas, milhares de pessoas, estou em constante evolução. Como um cubo de Rubik. Você pode mexer em mim, me contorcer, me colocar para a esquerda, para a direita, para cima, para baixo, virar ali, virar aqui... No final das contas, são seis faces - mas você pode arranjá-las da maneira que quiser. Depende do seu ponto de vista. Depende do seu humor, depende do meu humor. Poucas pessoas arranjam os meus lados, sou egoísta. Posso te mostrar a face mais agradável ou a face mais monstruosa. Mas na minha condição de cubo, mesmo eu te mostrando o que há de bom, você ainda pode me virar e ver as contradições, as mentiras, os sentimentos que eu teimo em esconder, a teimosia, a impulsividade.
Além de ser agraciada com a possibilidade de ser manipulada a qualquer instante, eu também tenho cores. Vibrantes, pálidas, em vários tons. Verdes, vermelhos, amarelos, laranjas, azuis, pretos, brancos... E claramente, elas não seguem um padrão. Elas mal sabem se organizar direito. Elas não respeitam nenhuma regra de teoria das cores, elas não fazem questão em serem harmoniosas. A cada vez que eu respiro, eu espero consistência e equilíbrio... e recebo um apocalipse em resposta. Mesmo que eu esteja perto de um equilíbrio - meus lados onde devem estar, e as cores organizadas, sempre existe aquele quadradinho que está onde não deveria. E para eu tentar colocá-lo em seu devido lugar, desorganizo tudo. Voltamos para o início do jogo, onde tudo está confuso. Minha raiva excede a minha paciência, e eu desisto de mim mesma. Até respirar fundo e voltar a jogar. Novamente, um círculo vicioso imbecil.
Existem vários teoremas matemáticos sobre a resolução do Cubo de Rubik. Aparentemente, o desafio deste cubo é ficar com todas as cores iguais nos lados certos com o menor número de movimentos possíveis. Mas eu tenho um teorema -  nem um pouco matemático-  de que certos cubos estão quebrados e jamais poderão ser resolvidos.

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